O perigo da eleição

O Banco Mundial divulgou documento em que alerta para os riscos que as eleições do ano que vem representam para a economia dos países do Caribe e da América Latina. Dentre estes, o Brasil. O organismo internacional prevê que haverá um provável aumento de gastos públicos na fase pré-eleitoral. O alerta chega em boa hora. Acontece quando se dá uma trégua entre os partidários da flexibilização da política fiscal, tendo à frente a ministra Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e sua equipe, que sempre propugnou pela obtenção de um superávit primário bem acima das metas estabelecidas pelo próprio governo Lula. A trégua foi assinada em cima de uma proposta de obtenção de superávit não tão alto quanto queria Palocci e nem nos níveis que desejavam os que propugnavam pela flexibilização. A meta ficou em 4,5% do PIB, ainda assim acima dos 4,25% antes planejados e muito abaixo do que queria e vinha conseguindo o titular da Fazenda.

Lula, com essa trégua, apressou-se em anunciar que Palocci fica até o final do seu governo e a política econômica não muda, para acalmar os assustados credores do Brasil. Na realidade, a política muda em termos quantitativos, exatamente o pomo da discórdia. E os temores do Banco Mundial, de que as rédeas sejam soltas na campanha eleitoral, começando a gastança desenfreada de recursos públicos para conseguir a reeleição de Lula, já existem aqui no Brasil, onde os opositores do presidente, se confiam, é desconfiando sempre. Além do Brasil, terão eleições no próximo ano a Colômbia, o México e o Peru. Em repetidos discursos, Lula tem negado que possa arriscar a economia, mudando seus rumos, em razão de eleições.

No documento denominado ?Perspectivas para a Economia Global?, o Banco Mundial sustenta que o período eleitoral pode afetar negativamente o desempenho da nossa economia e dos demais países da região que estejam em campanhas eleitorais. Alega que poucas reformas estruturais serão iniciadas ou concluídas antes do pleito. Diz o banco que a América Latina e o Caribe registram crescimento em 2005 de 4,5%, contra 5,8% do ano passado.

Devemos lembrar que o Brasil vem registrando um crescimento da ordem de 3,5% do PIB, anunciado como uma grande vitória do governo. Mas não é dito que esse crescimento é inferior ao da região tanto no ano passado como no ano corrente. E menor que o da maioria dos países em desenvolvimento. Esse crescimento econômico, anunciado como o ponto alto do governo petista, é pífio e está muito longe das necessidades da nação.

Como as reformas estruturais não foram feitas e as que foram iniciadas não estarão concluídas até o final do atual governo, ele vai se voltar para os programas ditos sociais, que imagina lhe darão votos. E aí terá de cumprir o negro vaticínio do Banco Mundial, abrindo as torneiras do Tesouro, contrariando o acordo agora firmado e, talvez, perdendo o executor da política fiscal apertada, Palocci, que disse que só fica no governo se a política econômica que vem tocando for mantida. O PT está cambaleando e até fazendo campanha entre os filiados para conseguir uma pequena parte do dinheiro que deve aos bancos. Para a campanha só restará o recurso da gastança de verbas públicas para tentar a reeleição do presidente.

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