O NovoMuseu

O nome é NovoMuseu Arte, Arquitetura e Cidades, para tentar alcançar a abrangência do que deve ser exposto e debatido na mais nova casa de cultura do Paraná e do País. Melhor dizendo, do mundo. O NovoMuseu será inaugurado hoje, no Centro Cívico de Curitiba. A solenidade contará com as presenças do autor do arrojado projeto arquitetônico, Oscar Niemeyer, e do presidente Fernando Henrique Cardoso. No Edifício Castelo Branco, que passará a fazer parte do museu e foi também obra de Niemeyer, realizada durante o governo Paulo Pimentel, funcionavam órgãos do governo. O arquiteto, de fama internacional, ainda vê sua obra de alguns anos com apreço, considerando-a atual. Na verdade, muitas vezes a visão do artista parece destoar da dos leigos. Muitos consideravam o arrojado edifício, que levava o nome do primeiro presidente da ditadura militar e a assinatura de um arquiteto que é comunista histórico, como pouco adequado para ser abrigo da burocracia.

Sob esta ótica, melhor que integre “o olho”, edifício de linhas arquitetônicas futuristas que passa a, com ele, constituir no espaço construído do NovoMuseu, que contará também com bosque, jardim de arquiteturas e espaços internos diversos, inclusive para grandes exposições.

Às vésperas de assumir um governo (Lula) que tem em seu programa de administração o combate à fome como primeira pauta, e as questões sociais como preocupações permanentes, fica a pergunta sobre se é apropriado festejarmos a inauguração de um museu. Seria um luxo dispensável ou pelo menos adiável?

Cremos que não. “Nem só de pão vive o homem”…

Uma cidade como Curitiba e um Estado como o Paraná precisam priorizar a cultura, criando espaços para amalgamar e refletir sua alma ainda em formação. Cidade considerada, por muito tempo, apenas como de passagem, a capital paranaense e o Paraná como um todo ainda vêm sedimentando sua cultura, de vez que são herdeiros recentes de imigrações internas e estrangeiras, que incluem gaúchos no Oeste e Sudoeste, paulistas e mineiros no Norte e europeus e asiáticos – polacos, ucranianos, italianos, japoneses, chineses, coreanos, árabes, alemães e povos de outras origens – em todo o Estado.

Aqui ainda os brancos são maioria, o que destoa da formação racial e conseqüentemente cultural da maior parte do País. Brancos, mas não “brancos azedos”, pois caminhamos para a miscigenação, marca do povo brasileiro, e precisamos absorver a cultura do País e, neste mundo global, a do resto do planeta. Quem conhece o mundo sabe que as cidades dão relevante importância aos seus museus porque expressam a própria cultura, a de suas regiões e fazem um liame entre o que existe ou existiu no mundo lá fora com a vida diária de seus cidadãos. Também porque os museus são atrativos de turismo cultural, como um convite permanente.

O nosso, que hoje será inaugurado, mesmo antes de abrir suas portas já foi noticiado com destaque em todo o País e fora dele. Por sua arquitetura arrojada, o admirado nome de quem a assina e esperamos que também por um acervo permanente prestigioso e exposições relevantes, seja uma fonte permanente de disseminação cultural para os paranaenses e atração irresistível para os turistas.

O Paraná acerta ao integrar ao seu patrimônio o NovoMuseu, pois exibindo um corpo comparativamente sadio num Brasil ainda em desenvolvimento, precisa sedimentar a sua alma. O museu, como instrumento e repositório de cultura, estará no cerne da alma paranaense.

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