Mesmo sem acesso às pesquisas feitas para aferir as intenções de voto do eleitorado paranaense, há alguns observadores dispostos a apostar todas as fichas na tranqüila reeleição do governador Roberto Requião. Em primeiro lugar, pelo vastíssimo programa de obras que realizou em todo o Estado e, em segundo (este é o argumento mais robusto), porque a frente oposicionista deixou passar o tempo e não conseguiu preparar um candidato com os requisitos essenciais para combater em igualdade de condições.
Sempre se pensou na alternativa da candidatura do senador Osmar Dias (PDT), com o apoio de PSDB e PFL, uma coligação de reconhecida densidade, posto que prejudicada pela insistência do PDT no lançamento do senador Cristóvam Buarque à sucessão presidencial.
E assim prosseguia ante a fugaz interpretação do ministro Marco Aurélio Mello, segundo a qual somente partidos sem candidato definido para a eleição federal estavam liberados para celebrar acordos informais nos estados. O PDT, dessa forma, não poderia contar aqui com o reforço apreciável de tucanos e pefelistas, desfazendo como bolha de sabão a única confluência política com poder de fogo para conquistar o Palácio Iguaçu. E aventurar-se sozinho na empreitada é impensável nos meios brizolistas do Paraná.
O vento voltou a soprar a favor do senador Alvaro Dias e do deputado federal Gustavo Fruet, político da nova geração com as melhores credenciais dentre os raros que despontaram nos últimos anos, embora a definição do candidato a ocorrer compulsoriamente até o final do mês, seja um complicador na vida de alguns dirigentes partidários subjugados pelo viés personalista de afirmação e mando. O ex-deputado Rubens Bueno já disse aceitar o apoio da dupla PSDB/PFL conquanto seja ele próprio o cabeça de chapa da oposição.
A julgar pelo desenho momentâneo, a reeleição se assemelha a um prato de mingau saboreado pelas bordas pelo governador, sob o sorriso complacente dos operadores políticos e da manifestação da claque sempre incontida em ocasiões semelhantes.