O jeitinho brasileiro e a manipulação social anticosmoética

Marca.  Tradicionalmente, o discurso político caracteriza-se pelo acobertamento de atos espúrios e enganosos.

Engodo. Ocorre a presença de falácia lógica institucionalizada ou enganologia pública cuja finalidade é dissimular atos fraudulentos, aqui exemplificados:

1. ?Escândalos em Série? (Braga, Isabel e Lima, Maria; Deputados Agora defendem Cotas Para Parentes; O Globo; Seção: O País; Rio de Janeiro; RJ; 22.05.05; Página 12).

2. ?Acusado diz ter Caído em Armadilha e Isenta o PTB? (Michael, Andréa; Governo Sob Pressão; Folha de São Paulo; São Paulo; SP; 25.05.05; Página A8);

3. ?Alguém está mentindo – líder do governo e ministro se contradizem sobre denúncia de mensalão? (Gazeta do Povo; Redação; Governo vive um dos Piores Dias Desde a Posse de Lula na Presidência; Seção: Brasil; Curitiba; PR; 07.06.05; Página 13).

Vergonha. Tal discurso reflete a cultura vexaminosa do jeitinho brasileiro ou da falsa ideologia do igual.

Frases. Encontramos amostras desta linguagem corporativista, protecionista e egoística em expressões representativas de intimidade onde ?aos amigos os cargos, aos inimigos, a lei?, abaixo relacionadas:

A- Meu companheiro

B- Meu irmão

C- Meu chapa

D- Meu amigo

Ilusão. A manipulação social evidencia-se pela ?ação (,,,) espúria e fraudulenta objetivando a falsificação da realidade, influenciando o indivíduo ou a coletividade, contra a vontade das pessoas, a fim de controlá-las, em geral recorrendo a meios de pressão, por exemplo, a mídia, o corporativismo, o lobismo, a política? (Vieira: 2003).

Intenção. Visível a intencionalidade dos detentores do poder que, enquanto fora dele, defendem a aplicação da lei, a fiscalização, o rigor, a cobrança: eterna oposição ao governo.

Favoritismo. Uma vez alcançado o poder, ?indispensável? a troca de favores, o jeito, ?uma mão lava a outra?, exaltando a cultura da mentalidade de interesses familiares àqueles pertecentes à esfera pública (Rosenn: 1998).

Emocionalismo. A estratégia utilizada pelo jeito passa necessariamente pelo envolvimento emocional ao problema verificado, apelando sempre para os ?bons sentimentos?, a ?boa vontade? e a ?compreensão? do interlocutor para a situação evidenciada (Barbosa: 1992).

Falsidade. Trata-se de discurso dissimulado, incoerente, inconsistente, metafórico e obscuro.

Discurso. Nele há marketing manipulador com linguagem ?intencionalmente familiar ao público?.

Imagem. Este discurso é carregado de metáforas intencionalmente usadas para evitar a fala direta, clara e transparente dos problemas e, com isto, fugir às soluções objetivas (Smijtink, Maurício Fernando Cunha; As metáforas dominam o Planalto; Gazeta do Povo; Seção: Opinião; Curitiba; PR; 08.06.05; Página 13).

Nepotismo. Em evidente ofensa à inteligência pública, temos presenciado o ?trem da alegria? onde parentes e amigos dos políticos tornam-se realidade indispensável do exercício do poder público.

Decadência. No retrocesso da ética democrática, a administração pública federal exacerba e abusa da ideologia do patronato com centralização exagerada, excesso de poder burocrático e formalismo: portas favoráveis à corrupção e proliferação do jeitinho brasileiro.

Personalismo. O isolacionismo da figura presidencial expõe a manobra para continuar a manipulação através do reforço do personalismo, reafirmando característica brasileira do ?excesso de confiança mais no homem do que na lei? (Ascarelli: 1952).

Domínio. Os últimos eventos de corrupção divulgados revelam a manutenção da atmosfera da esfera pública de manipulação, coerção da vontade alheia, da exploração interpessoal, marionetagem, politicagem, lavagem cerebral, dentre outras (Vieira: 2003):

1. Barganhas políticas: maracutaias;

2. Hipocrisia: dissimulação, fingimento;

3. Ideologia: defesa de interesses próprios;

4. Oportunismo: arrivismo político;

5. Transferência de culpa: alienação da responsabilidade

Clareza. A solução para esta atmosfera do jeito é a explicitação, a transparência das intenções e a integridade cosmoética (Vieira: 2003).

Recin. A reforma política só ocorrerá efetivamente se houver reciclagem de conduta a partir da mudança lúcida dos pensamentos, sentimentos e energia intrapessoal.

Cosmoética. As mudanças almejadas socialmente são factíveis através da aplicabilidade de princípios da auto-incorruptibilidade (unidade de medida da cosmoética) e do emprego do ?discernimento cosmoético, como por exemplo, através da conduta multidimensional irrepreensível quanto à incorruptibilidade? (Vieira: 2003).

Adriana de Lacerda Rocha é doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA – Universidad Del Museo Social Argentino, mestre em Direito Constitucional pela PUC-RJ. Professora universitária, advogada voluntária do Conselho Internacional de Assistência Jurídica da Conscienciologia CIAJUC e assessora jurídica da OIC -Organização Internacional de Consciencioterapia em Foz do Iguaçu-PR. Autora de vários artigos e do livro ?Autonomia Legislativa Municipal?, Ed. Lumen Juris. alrocha@kiwiocas.net

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