Nordeste é a região de maior insegurança alimentar, revela IBGE

A região nordeste é a que apresenta o perfil mais preocupante no que diz respeito à insegurança alimentar no Brasil. Cerca de 60% da população nordestina não têm garantia de acesso à alimentação em quantidade, qualidade e regularidade suficientes, condições que caracterizam a segurança alimentar.

As informações fazem parte de uma pesquisa inédita no país realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para identificar e medir os problemas de insegurança alimentar no Brasil e a sua manifestação mais grave ? a fome.

De acordo com o estudo, baseado nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2004, 14,4% dos nordestinos convivem com a fome. O número é o dobro da média do país, que ficou em 7,7%. Na região sul, que apresenta o menor índice de insegurança alimentar grave, o percentual de pessoas que conviveram com a fome no período considerado pela pesquisa foi de 3,7%.

Mais de metade dos cerca de 14 milhões de brasileiros enquadrados no levantamento na situação de insegurança alimentar grave estava no Nordeste, região que concentra apenas 28% da população brasileira.

A região norte teve resultados semelhantes aos do Nordeste. A insegurança alimentar em sua forma mais grave atingiu 13,2% da população. De acordo com a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Márcia Quintslr, as duas regiões constituem um bloco isolado em relação ao resto do país, confirmando sua condição sócio-econômica desfavorável.

O estado que apresentou maior índice de insegurança alimentar grave foi o Maranhão, que teve 18% de seus domicílios incluídos nessa categoria.

Além de confirmar a grande desigualdade entre as regiões do Brasil o estudo do IBGE, realizado a pedido do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, também indicou que mais de a metade das crianças brasileiras com até cinco anos estão em situação de insegurança alimentar. No Nordeste, 17% das crianças nessa faixa etária convivem com a fome.

A associação de restrições na alimentação à cor ou raça dos indivíduos também ficou demonstrada. O índice de insegurança alimentar grave entre pessoas pardas e negras atinge 11,5% , enquanto que o percentual da população branca que sofre com a fome é de 4,1%.

A pesquisa do IBGE também concluiu que a proporção de pessoas vivendo em insegurança alimentar é maior na área rural (49,9%) do que no meio urbano (37,7%). O quadro é resultado dos elevados índices de insegurança alimentar registrados no Norte e no Nordeste. Mesmo morando no meio rural, onde teoricamente, seria mais fácil o acesso à produção dos alimentos, 3,4 milhões de pessoas convivem com a fome.

As maiores incidências da forma mais grave de insegurança alimentar foram registradas em domicílios com mais de sete moradores, que têm mulheres como chefes da família e onde vivem crianças e adolescentes com até 18 anos.

Voltar ao topo