“Não acredito que Brasil ficará isolado no Mercosul”, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não acredita que o Brasil ficará numa posição isolada durante a reunião do Mercosul por defender um tratamento diferenciado aos países menores que integram o bloco, como Paraguai e Uruguai. Lula disse estar convencido de que é preciso aceitar as desigualdades entre os países da região, assim como fez a União Européia no passado, quando ajudou no crescimento de Espanha, Portugal e Grécia. Segundo ele, essa é a vez de o Mercosul seguir a mesma tendência.

Lula afirmou que os dados da balança econômica do Mercosul mostram que foi acertada a aposta no desenvolvimento da economia na região. Entretanto, destacou que a integração não pode ser apenas econômica e deve-se incentivar também o lado social. Isso porque, disse, os empresários sabem como driblar as dificuldades. Já os governantes precisam evoluir e entender que não é possível olhar apenas para os seus problemas.

Após participar da abertura do Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul, no Rio, Lula concedeu uma entrevista na qual lembrou que os compromissos sociais das lideranças dos países do Mercosul evoluíram muito nos últimos anos, e que hoje a região vive um perfil político diferente.

Integração mais rápida

Lula defendeu a criação de instâncias nos Congressos de cada país membro do Mercosul que possam agilizar a implementação de acordos internacionais. Segundo ele, é preciso que nos Congressos esses acordos tenham prioridades nas votações, porque hoje o tempo de tramitação médio destes é de cerca de cinco anos. Isto porque, de acordo com Lula, o projeto precisa seguir todo o trâmite normal. "É preciso criar instâncias especiais para votar projetos especiais de integração", afirmou.

Ele lembrou que quando assumiu o governo em seu primeiro mandato recebeu uma ligação do presidente do Senegal, que solicitava um avião para combater a praga de gafanhotos na plantação de milho. Pela demora do Congresso, esse avião só foi disponibilizado seis meses depois, quando a plantação já havia sido afetada. Atualmente, o governo brasileiro tem um pedido de ajuda para a construção de uma termelétrica na África.

Discursos de Chávez e Evo

O presidente Lula disse que não está preocupado com os discursos dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Moraes (Bolívia), que têm causado polêmica em certos meios econômicos e políticos. De acordo com Lula, é preciso entender que cada país tem o direito de defender o que quer. O importante é respeitar a soberania de cada nação, afirmou. "Cada um acredita nas coisas que são melhores para o seu país", disse Lula.

De acordo com o presidente brasileiro, esses discursos não vão prejudicar a integração do Mercosul, que será discutida na reunião desta semana. "Nós estamos tranqüilos na América do Sul. Já se tem a compreensão hoje de que ou nós crescemos politicamente, amadurecemos rapidamente ou a gente não vai conseguir, neste mandato (dos atuais presidentes de países do Mercosul), atingir a integração", afirmou.

Voltar ao topo