Nada a ganhar

A diplomacia norte-americana para o subcontinente nesse reinício da administração de George W. Bush, quando os assuntos externos estão confiados a Condoleezza Rice, a assessora mais próxima do presidente, sabe que a pedra no sapato continuará a ser o presidente venezuelano Hugo Chávez, principal proponente da chamada revolução bolivariana.

Chamando a si a tarefa de porta-voz da disposição de luta da América Latina contra os interesses dominadores do Primeiro Mundo, leia-se Estados Unidos, Chávez sonha em apropriar-se da bandeira até então erguida por Fidel Castro, condição que espera ver referendada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua passagem pelo Fórum Social Mundial, na semana passada, onde segundo a imprensa teve melhor desempenho e foi mais aplaudido que Lula, como tem feito com mais desenvoltura, o presidente da Venezuela tentou ridicularizar tanto Bush quanto a secretária de Estado, empregando tom histriônico e sarcástico não condizente com a missão de chefe de Estado.

Suas críticas ao governo norte-americano, mesmo pesadas, para não correr o risco da rejeição, perda de credibilidade e respeito público, mais eficazes se tornariam se vazadas em linguajar intimorato mas circunscrito ao regulamento característico de políticos forjados na boa prática do civismo democrático. As ameaças e bravatas do presidente Chávez por certo não conseguirão intimidar a cúpula do governo Bush, cuja acrimônia contra Caracas pode recrudescer. Não há como esquecer a humilhação imposta aos Estados Unidos pela diplomacia do Vietnã do Norte, além da derrota militar, sem arroubos teatrais ou palavras ofensivas.

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