Festival de Curitiba

Musical remete ao preconceito e a diferenciação pela raça

A peça exibida na noite de sábado (28), no Teatro Guaíra, pela Companhia Urbana de Dança, “Nego (eu.ele.nós.tudo preto!)”, teve como principal foco a expressão corporal. O musical foi dirigido pela coreógrafa Sonia Destri Lie e composta por nove dançarinos.

Com movimentos duros e representativos, o espetáculo tem no máximo três falas, sendo estas, palavras que remetem ao preconceito e a diferenciação pela raça e cultura. Entre um dos únicos diálogos ocorridos, conta-se a história de um menino que, ao perguntar por informações no ônibus, é ignorado por representar uma ameaça, devido à sua cor negra.

A coreografia é inspirada na cultura afrodescendente, com movimentos marcados pelos traços de dança de rua, break e hip hop urbano. O choque entre os corpos é comum, utilizado para demonstrar a violência e o sofrimento quase físico causado pelo preconceito.

Termos chulos foram escrachados para mostrar a dimensão do problema. O preconceito é algo incrustado na sociedade até mesmo nos adjetivos mais comuns, que são usados para denominar pessoas da raça negra, como Zulu, feijão, nego, azul, preto e crioulo.

O espectador Fernando de Souza diz que achou interessante a peça, porém fora da realidade curitibana. “O musical nos mostra uma realidade mais presente no cotidiano carioca, porém consegue repassar todo o sofrimento com o qual não convivemos em tanta proporção em Curitiba”.

Já Elizabeth Slowik, que veio de Bombinhas, em Santa Catarina, para a edição do Festival de Teatro de Curitiba de 2015, disse ter se interessado pela história ao imaginar como o tema seria retratado em um musical. “A peça é tão surpreende, que é possível entender a mensagem com quase nenhuma troca de palavras, somente com a dança”, conclui.