Honduras

Zelaya culpa golpistas por ‘fracasso’ em acordo

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse hoje, em entrevista à Rádio Globo, uma emissora local, que o acordo para encerrar o impasse de mais de quatro meses no país “fracassou”. “Falando na prática, nós decidimos não continuar com esse teatro do senhor Micheletti.” Depois, ele afirmou que “a comunidade deverá ver que medidas” tomar após o fim do acordo. José Arturio Reina, um assessor de Zelaya, disse que “o acordo fracassou por causa de (Roberto) Micheletti e porque o Congresso Nacional não se reuniu” para decidir sobre a volta do líder deposto.

O imbróglio começou a ser desenhado quando Zelaya se recusou a apontar uma lista com dez nomes para ministros de um futuro governo de unidade. Para ele, antes era preciso “reverter o golpe” que o derrubou do poder. No entanto, o governo de facto, liderado por Micheletti, anunciou ontem a formação de uma coalização sem a participação do líder deposto, já que não tinha recebido a lista. Micheletti anunciou um novo governo às 23h50 (hora local). Ele disse que as portas estavam abertas para que ministros de Zelaya se unissem à iniciativa.

O ex-presidente chileno Ricardo Lagos, que faz parte de uma comissão de quatro membros que monitora a implementação do acordo, disse que Micheletti fez uma oferta de deixar a presidência, assim que o governo de unidade fosse estabelecido.

Eleições

Manuel Zelaya foi expulso de Honduras após o golpe no dia 28 de junho. Porém ele retornou em segredo ao país no dia 21 de setembro e, desde então, está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Em 30 de outubro, negociadores dos dois lados firmaram um pacto. O texto prevê que o Congresso decida sobre a volta de Zelaya ao poder, mas não estabelece data para a medida. Além disso, os deputados, antes de qualquer decisão, receberão informes de algumas instituições, entre elas a Corte Suprema.

O prolongamento do impasse ameaça a legitimidade das eleições presidenciais da empobrecida nação da América Central, marcadas para 29 de novembro. Vários países e entidades da região ameaçam não reconhecer a disputa, caso Zelaya não tenha voltado à presidência. As informações são da Dow Jones.