Zelaya acusa governo hondurenho de represália

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, condenou a petição que a promotoria de seu país fez aos tribunais para que ordenem sua prisão e de quatro de seus colaboradores por corrupção.

“Esses atos são represálias equivocadas, como resposta às posições dos Estados latino-americanos na cúpula (do México), que não permitiram a participação do governo de (Porfirio) Lobo”, disse Zelaya em comunicado divulgado hoje à imprensa, na República Dominicana, onde está desde 27 de janeiro.

“Continuam em seus cargos os coautores do golpe de Estado (como) o promotor-geral (Luis Rubí), os magistrados da Corte Suprema e a mesma cúpula militar (que), manipulando as leis e a Justiça, pediram uma ordem de prisão contra minha atuação”, acrescentou.

O ex-presidente acusou Lobo de “vingança pessoal e de intensificar a perseguição política contra mim, esquecendo-se da reconciliação nacional” com a qual se comprometeu perante a comunidade internacional para unir a família hondurenha após a crise surgida em Honduras.

 

Zelaya sublinhou que “no exílio e ante as injúrias, calúnias e acusações falsas e tendenciosas, hoje, os mesmos autores do golpe apresentam contra mim ações de clara perseguição política” e pediu à América Latina para “continuar vigilante e respaldar os hondurenhos em sua luta pela restauração da democracia”.

Lobo não fala sobre o assunto. Seus porta-vozes disseram que, mais tarde, haveria uma posição oficial.

Acusações

A reação do presidente deposto veio logo depois de a promotoria ter apresentado processo por três novos crimes contra ele, além de acusações contra quatro pessoas que foram seus funcionários. A promotoria o acusa de desviar, em setembro de 2008, algo em torno de US$ 1,5 milhão do orçamento do fundo de Investimento Social e destinado o dinheiro a gastos com propaganda para promover a convocação de uma assembleia constituinte, que no final resultou em sua deposição do cargo.

Zelaya é acusado de fraude, falsificação de documentos públicos e abuso de autoridade, acusações que se estendem aos ministros da Previdência, Enrique Flores; de Finanças, Rebeca Santos; e do Fundo de Investimento Social, Antonio Borjas.

A juíza do caso, Elvira Meza, disse que deve emitir sua sentença na segunda-feira. Ela pode desconsiderar as acusações ou ordenar a prisão dos acusados para dar continuidade ao processo. Zelaya enfrenta, desde agosto, outras quatro acusações: atentar contra a forma democrática de governo, traição à pátria, usurpação de funções públicas e abuso de autoridade.

O Congresso unicameral aprovou, em janeiro, uma anistia geral que abrange todos os participantes do golpe de Estado de 28 de junho de 2009. Para se beneficiar desse perdão legislativo, Zelaya deve se apresentar à Justiça ao retornar a Honduras.