Violência xenófoba mata pelo menos 22 na África do Sul

Pelo menos 22 pessoas, imigrantes em sua maioria, morreram em Johannesburgo em meio a uma recente onda de violência xenófoba que atingiu a periferia da cidade durante a última semana, informou nesta segunda-feira (19) a polícia local. Policiais dispararam balas de borracha e detiveram mais de 200 pessoas em uma tentativa de conter a violência os imigrantes estrangeiros, principalmente zimbabuanos em fuga do colapso econômico e da violência política em seu país.

Os estrangeiros vinham sendo expulsos das favelas e isolados em campos invadidos. Homens com porretes patrulhavam em grupos as ruas próximas de um desses campos, aparentemente sul-africanos tentando impedir que os estrangeiros retornem. Govindsamy Mariemuthoo, porta-voz da polícia sul-africana, disse que as 22 pessoas morreram espancadas, queimadas ou esfaqueadas. Ainda segundo ele, entre os mais de 200 presos há pessoas acusadas de assassinato, estupro e roubo.

"Não estamos tratando isso como xenofobia, estamos tratando como crime", disse Mariemuthoo. Ainda de acordo com ele, a polícia local requisitou o apoio de reservistas e de oficiais de outras partes do país. Não se sabe a nacionalidade dos mortos nem das vítimas do último fim de semana, embora fontes policiais assegurem que os ataques tiveram como alvo cidadãos do Zimbábue, Moçambique e Malavi.

De acordo com a organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras, cerca de seis mil pessoas deixaram suas casas temendo ataques na região de Johanesburgo. Dois mil procuraram refúgio em uma delegacia de polícia no centro da cidade. Segundo relatos, houve mais ataques nesta segunda-feira, com barracos em assentamentos de imigrantes sendo incendiados.

Segundo rádios locais, os ataques de xenofobia tiveram início no bairro de Alexandra e logo se espalharam para outras áreas. "A polícia e o Exército não conseguem controlar a situação", disse um ex-professor zimbabuano. Os agressores acusam os estrangeiros pelo aumento da criminalidade e de serem responsáveis pela falta de empregos e moradias. A violência coincide também com o aumento do preço dos alimentos no mercado local em meio a uma crise internacional.

A demonstração de xenofobia acontece no momento em que o governo procura mudar a imagem de violência do país para a Copa do Mundo de 2010. O presidente Thabo Mbeki disse que vai organizar um painel de especialistas para investigar as causas da violência. Ao mesmo tempo, o líder do partido governista, Jacob Zuma, condenou os ataques. "Não podemos permitir que a África do Sul fique conhecida por xenofobia", disse ele.

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