Rascunho de acordo em Copenhague privilegia ricos

Um documento produzido pela Dinamarca e distribuído a um seleto grupo de diplomatas como um rascunho de declaração final levantou polêmica e expôs as intenções dos países industrializados na 15ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-15), ontem, em Copenhague. O texto previa metas para países em desenvolvimento e não incluía compromissos financeiros de longo prazo para nações desenvolvidas. O conteúdo foi considerado desfavorável para emergentes, como o Brasil.

O esboço escrito pelos dinamarqueses – com o apoio do Reino Unido e dos Estados Unidos – havia sido apresentado na semana passada durante negociações preparatórias. De acordo com o brasileiro Sérgio Serra, embaixador extraordinário para clima, o texto chegou a ser entregue a 10 ou 15 diplomatas, mas diante da reação negativa, foi retirado da mesa.

A inconformidade cresceu na segunda-feira, na abertura da cúpula. O conteúdo apareceu ontem no site do jornal inglês “The Guardian” e a polêmica explodiu. Identificado como Draft 271109 – Decision 1/CP.15, o documento de 13 páginas inclui adoção de um mecanismo de financiamento de curto prazo para ações de adaptação e de mitigação que vigoraria até 2013, mas não compromete países industrializados com financiamento até 2020.

Além de reduzir as obrigações dos países ricos, a proposta aumenta o peso sobre as nações em desenvolvimento. Fixa uma data – a ser negociada – para que as emissões de gases-estufa atinjam seu pico e cria metas de redução do desmatamento até 2020. Países emergentes como Brasil, China e Índia discordam e só se comprometem com medidas voluntárias. O texto também sugere que só nações “mais vulneráveis” seriam beneficiadas com repasses de recursos de países ricos.

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