Protesto político na Costa do Marfim deixa três mortos

Três pessoas morreram e dezenas se feriram hoje, na Costa do Marfim, depois que a polícia local disparou contra manifestantes que protestavam contra o governo, de acordo com relatos da oposição.

Houve manifestações em pelo menos oito cidades do país nesta sexta-feira. A manifestação é o mais recente protesto contra a decisão do presidente de dissolver o governo, há uma semana.

Um partidário oposicionista, Moussa Dembele, disse que as mortes ocorreram em Gagnoa, 200 quilômetros a noroeste da capital econômica do país, Abidjã.

O presidente Laurent Gbagbo marcou esta sexta-feira como prazo para a formação de um novo governo, mas o primeiro-ministro pediu, na tarde de ontem, mais 48 horas para isso.

Turbulência política

A dissolução do governo lançou dúvidas sobre o processo de reconciliação política na Costa do Marfim, que deve realizar eleições em breve. Cinco anos após o fim do mandato do presidente, ainda não houve eleições para substituí-lo.

O governo atual, que está prestes a terminar, foi fruto de um acordo de paz firmado pela administração de Gbagbo e o grupo rebelde Novas Forças, em 2007, após uma guerra civil que dividiu o maior produtor de cacau do mundo entre o norte rebelde e o sul. O governo de união era composto por 33 ministros de todos os partidos políticos e facções rebeldes.

No centro do impasse para o atraso nas eleições está a questão sobre quem é de fato cidadão do país. Antes da breve guerra civil, a Costa do Marfim era considerada uma das mais avançadas economias da África, atraindo dezenas de milhares de imigrantes de vizinhos pobres. Pelo menos um quarto dos 20 milhões de habitantes do país foram desqualificados de votar, gerando tensão.