Protesto na Bolívia fecha rota de exportação para o Brasil

Moradores de uma localidade fronteiriça na Bolívia paralisaram hoje uma importante rodovia, além de uma rota ferroviária para o Brasil. Eles protestam porque as autoridades locais interromperam um projeto de mineração. O comércio, os bancos e escritórios públicos e privados fecharam suas portas.

Os moradores tomaram o controle das duas rotas na pequena cidade de Puerto Suárez e em povoados próximos, 1.100 quilômetros a sudeste de La Paz, informou o líder cívico da região, Antonio Tudela. Somente uma ponte internacional fronteiriça que vai até a cidade brasileira de Corumbá estava aberta para a passagem de pessoas, segundo ele.

Os moradores protestam contra a paralisação, por causa de uma disputa entre o governo e a siderúrgica indiana Jindal Steel and Power, de um milionário projeto para explorar ferro nessa região. O governo executou garantias de US$ 18 milhões porque a empresa não cumpriu os investimentos prometidos. Ainda que o contrato não tenha sido cancelado, por ora ele está suspenso.

A Jindal havia oferecido investimentos de US$ 1,5 bilhão nos primeiros cinco anos, além da construção de uma siderúrgica. Os moradores tinham a expectativa de que isso criasse postos de trabalho e reativasse a economia regional. Segundo o governo, a companhia indiana investiu somente US$ 22 milhões em quase dois anos. A Jindal reclamou, argumentando que o governo não havia cumprido parte do acordo.

Tudela disse que o protesto busca sensibilizar as autoridades para superar o impasse e reativar o projeto. A rodovia e a ferrovia tomadas são as principais rotas comerciais para o Brasil.

Manifestações

Esse não é o único protesto ocorrendo na Bolívia. Outra região, no norte de La Paz, estava com uma importante rota bloqueada, em uma manifestação pela instalação de uma beneficiadora de cítricos prometida pelo governo.

Há ainda uma greve de fome de um grupo de dirigentes de trabalhadores de fábricas, rechaçando uma proposta de 5% de aumento salarial feita pelo governo. Outras categorias também anunciaram protestos, entre elas a de policiais de baixa patente, todos pedindo aumentos maiores.

“Estes conflitos sociais estão dizendo ao governo que é hora de concentrar energias em políticas sociais e econômicas, e não tanto na política”, afirmou o analista Carlos Cordero. “O povo não tem grandes expectativas com este governo e depois de quatro anos está pedindo gestão e resultados.”

Morales assumiu em janeiro para um segundo mandato, até 2015. O presidente tem forte apoio popular, apesar dos protestos. Hoje, Morales está na Venezuela, em visita oficial ao país.