Profissionalização sem universidade

Nem sempre o caminho para se tornar um profissional é freqüentar os bancos de uma universidade. Alguns profissionais, como os chefs de cuisine, fazem cursos direcionados, que duram menos tempo, mas não deixam de torná-los capacitados ao exercício da profissão.

O Centro Europeu, que é definido pelo supervisor acadêmico Rogério Gobbi como uma ?escola de vanguarda?, há muito deixou de ser simplesmente uma escola de idiomas. Atentos à demanda de mercado, o espaço foi aumentando a oferta de cursos, que começou pelo de hotelaria.

Hoje, talvez o mais badalado oferecido pela escola é o de chef de cuisine, com duração de dois semestres e estágio complementar nos restaurantes mais conceituados de todo o Brasil. O curso surgiu há cinco anos, para atender um mercado que cresce a cada dia. ?A profissão ganhou espaço e a cada dia ganha mais. Basta ver a infinidade de programas de gastronomia, especialmente nos canais fechados?, diz Gobbi. Ele conta que quando começou a primeira turma, a procura era de profissionais que já atuavam na área buscando reciclagem.

Hoje os grupos são mais heterogêneos, tanto na faixa etária quanto no sexo dos participantes. ?O curioso é ver que há muito profissionais que têm carreira tradicional e buscam a gastronomia não só como um hobby, mas como um novo direcionamento profissional.? Para entrar no curso, é exigido o diploma do ensino médio, mas a grande maioria dos alunos tem o ensino superior.

E a estrutura oferecida pelo curso, que custa algo em torno de R$ 7 mil, dá realmente condições para a formação do chef. A sala de aula, com carteiras onde os alunos acompanham as aulas teóricas, ficam dentro de uma grande cozinha, destinada às aulas práticas. Com no máximo 30 alunos por turma, o aprendizado é assegurado. O complemento é dado com a realização dos estágios. ?Somos muito procurados por restaurantes, hotéis e empresas que fazem cruzeiros. Após o estágio, muitas vezes o aluno acaba sendo contratado?, explica Gobbi.

Outra boa opção cuja demanda vem crescendo a cada dia é a dedicação à atividade de personal chef, que consiste na realização de jantares e almoços em residências particulares. ?Um dia deste trabalho pode custar até R$ 400,00, o que faz com que o retorno do investimento no curso seja rápido?, diz o orientador.

Sommelier

Na esteira do curso de gastronomia, o Centro Europeu passou a oferecer o curso de som melier, que torna o aluno especialista em vinhos, dando a ele condições de trabalhar em restaurantes, hotéis e cruzeiros. O curso é reconhecido pela Associação Brasileira de Sommelier, tem duração de um semestre e visa também a gestão do negócio.

?O vinho não é apenas uma tendência. Ele veio para ficar. Hoje em dia um bom restaurante tem uma boa carta de vinhos. É a exigência da clientela que pede o profissional?, explica Gobbi. Um grande mercado para o sommelier é oferecido por empresas que fazem cruzeiros pelo mundo. ?Somos constantemente procurados por companhias de cruzeiro?, conclui Gobbi. 

Curso forma técnico industrial têxtil

Em Apucarana, região norte do Paraná, a evolução da indústria têxtil foi tão grande nos últimos anos que a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) decidiu implantar, a partir do ano que vem, o curso de industrialização do vestuário, um curso técnico que vale como ensino médio e garante um diploma de técnico industrial. Um curso sob medida para a cidade, conhecida como a capital nacional do boné.

Segundo o coordenador do curso, Aloysio Gomes de Souza Filho, já existia na cidade um curso oferecido pelo chamado Pólo de Moda, que inclusive ofereceu toda a estrutura já existente para o novo curso. ?Há laboratórios de todos os tipos, como de bordados, serigrafia e tudo o mais que o estudante precisa para se especializar no assunto?, diz. Como é um curso mais voltado para a indústria, os alunos terão boas noções de gestão empresarial, aliados a todos os passos até que o produto de moda saia das fábricas. ?O curso aborda o processo de criação, desenvolvimento, planejamento, controle, supervisão e execução de atividades?, conta Souza.

A implantação do curso em Apucarana teve como principal objetivo atender a uma demanda cada vez mais crescente de profissionais na área da indústria têxtil. ?Para a implantação de novos cursos, vários segmentos são consultados. Em Apucarana, a indústria do vestuário é a mais forte, ao lado dos derivados do milho?, explica o coordenador. Inicialmente, serão oferecidas 80 vagas, 40 no período da manhã e 40 no período da tarde. As inscrições ao vestibular para o curso podem ser feitas no site www.utfpr.edu.br, até hoje.

De consumidor a produtor de moda

A penetração dos estilistas brasileiros Carlos Miéle, Tufi Duek, Alexandre Herchcovitch e tantos outros no mercado internacional é apenas uma mostra do crescimento da moda no Brasil. Há muitos anos, o Brasil deixou de ser simples consumidor para se tornar produtor de moda, o que criou um vasto mercado desde a criação até a o processo de industrialização.

O crescimento da moda no país foi proporcional ao crescimento de cursos oferecidos na área, que vão desde cursos técnicos até cursos superiores, como o de design de moda, oferecido há dez anos pela Universidade Tuiuti do Paraná.

Apesar de ser direcionado à criação do produto moda, o curso tem uma grande abrangência, que passa por tecnologia têxtil, semiótica, análise de produto, desenho e confecção. Como apoio, os alunos têm uma grande estrutura laboratorial, onde podem colocar em prática as lições aprendidas nas salas de aula. ?O nosso curso é amplo e diferenciado por ser dentro da área de tecnologia e não de ciências sociais, como acontece na maioria dos cursos de moda?, diz a professora Scheila Camargo, que foi aluna da primeira turma de design de moda da Tuiuti. Esse diferencial dá ao aluno uma maior capacidade para o trabalho dentro das indústrias, que também experimentam crescimento no país e, em especial, no Paraná.

Outro ramo de grande demanda para o profissional de moda é o comércio, já que o setor movimenta milhões. Só para se ter uma idéia do reflexo da moda para os lojistas, o último Crystal Fashion, evento marcado por desfiles de 13 marcas (em 2006) e que já está na 15.ª edição, recebeu um público de 44 mil pessoas -clientes em potencial.

Mas o trabalho do profissional de moda não se limita à atuação nas indústrias e no comércio. Na mão contrária à globalização, a busca por serviços individualizados apresenta constante crescimento. E um diplomado em design de moda pode oferecer o trabalho de consultoria, cujo objetivo é adaptar o estilo do cliente às atividades que ele exerce, especialmente no aspecto profissional. ?O modo como uma pessoa se veste diz muito dela e a cada dia as pessoas se preocupam mais com isso?, diz Scheila. No trabalho de consultoria, a atuação vai além de definir as roupas ideais para a atividade profissional da pessoa. Primeiramente é necessário muita conversa para que seja traçado um perfil do cliente e, depois, escolhem-se as peças a serem utilizadas, sempre respeitando o estilo da pessoa.

O curso de design de moda da Universidade Tuiuti, que recebeu o conceito A do MEC na última avaliação, oferece 50 vagas por semestre e tem o custo mensal de R$ 575,00.

Voltar ao topo