Pressão da oposição e UE elevam deportações na Espanha

O aumento de casos de deportação na Espanha é resultado de pressões que o governo do primeiro-ministro socialista José Luis Rodríguez Zapatero vem sofrendo da oposição e da União Européia para controlar a imigração. Ao longo da campanha para as eleições gerais de domingo, o líder da oposição, Mariano Rajoy, do direitista Partido Popular, acusou o governo de sobrecarregar os serviços sociais – saúde, educação, seguro-desemprego, refeições para os pobres – com os estrangeiros.

?Como eles têm renda menor, acabam tomando o lugar dos espanhóis?, disse Rajoy no último debate, na segunda-feira. O líder direitista propõe mudanças na lei, estabelecendo a expulsão imediata de estrangeiros envolvidos em crimes, antes mesmo de seu julgamento, e a obrigação de firmar um contrato comprometendo-se a respeitar os ?valores e costumes? espanhóis. A piada na Espanha é que os imigrantes terão de assistir a touradas, gostar de tortilla e dançar flamenco.

Nesta década, estabeleceram-se na Espanha cerca de 5 milhões de estrangeiros, em sua maioria vindos da América Latina. Ninguém sabe ao certo, mas calcula-se que haja 100 mil brasileiros no país, dos quais 60% ?indocumentados?, conforme o jargão. Com 43 vôos semanais, a proximidade da língua e a prosperidade econômica, a Espanha se tornou uma porta de entrada de brasileiros para a Europa.

Além do mais, o governo espanhol alega que tem sido pressionado pela União Européia a exercer maior controle. A ação espanhola faz parte de uma diretriz de toda a Comunidade Européia para lidar com a questão da chegada de estrangeiros na região, segundo alerta a Frontex, a Agência da Europa para Fronteiras. O bloco também negocia medidas para tornar ainda mais difícil a entrada de estrangeiros em qualquer dos aeroportos e portos dos 27 países da União a partir deste ano. Nos próximos meses, a UE deve aprovar uma resolução que obrigará o registro completo de todos os estrangeiros que passem pelo continente, turistas ou não.

Em 2007, o Brasil foi o segundo país latino-americano que mais teve deportações na Europa. O País foi superado apenas pela Bolívia, conforme os dados preliminares da Frontex. Em 2007, o número de africanos chegando até as Ilhas Canárias já caiu em 60% diante das medidas da agência – ainda mais rígidas do que as adotadas contra os brasileiros pela Espanha.

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