Política externa será mantida, diz Marco Aurélio Garcia

A política externa brasileira deve ser mantida no governo de Dilma Rousseff, segundo opinião do assessor de assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia. “Vai seguir um caminho semelhante ao atual. Evidentemente, a política externa está submetida às variações externas e depende muito dos estímulos que vêm de fora, mas acho que não haverá mudanças fundamentais”, afirmou Garcia aos correspondentes brasileiros em Buenos Aires.

O assessor, que recebeu, na noite desta sexta-feira, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Três de Fevereiro, em Buenos Aires, ponderou que, embora Dilma tenha se comprometido “a seguir a orientação construída nos últimos oito anos, fruto de um trabalho coletivo da Presidência e do Itamaraty, a política externa está sempre mudando”. Contudo, ele considera que a essência não sofrerá mudanças.

Garcia afirmou que o governo Lula deu uma ênfase “muito grande” às relações Sul-Sul, sem desconhecer a importância das relações Norte-Sul. Portanto, “essa ideia de que haverá uma inflexão porque nós teríamos descuidado das relações com os Estados Unidos e com a Europa não é verdade”, descartou. Segundo ele, o governo vai manter e aprofundar essas relações, mas, “evidentemente, dar uma ênfase, que em outras épocas não havia sido dado, à América Latina, África e outros países do Sul”.

O assessor especial da Presidência, reiterou que no governo Dilma haverá “uma mudança de estilo, como quem troca de gravata ou de roupa, porque ela é outra pessoa. Não é o Lula de saia”. Ele repetiu que não se deve, portanto, esperar que Dilma tenha o mesmo desempenho que o Lula. “Não será nem pior, nem melhor, mas diferente”, destacou. Garcia ressaltou que a tradição diplomática do Itamaray foi mantida pelo atual governo, apesar das pessoas terem dito que Lula não tinha prática nestas questões e que, então, a política externa seria um fracasso. “Foi um êxito, na minha opinião, e acho que tem todas as condições de ser um êxito também no governo Dilma, em função das enormes qualidades dela, dos interesses que ela tem sobre os temas relacionados e à enorme capacidade analítica que possui”, afirmou.

Garcia também opinou que seria normal a indicação de uma mulher para ocupar o cargo de chanceler. “Por que não? Cinquenta e dois por cento dos brasileiros são mulheres”, argumentou.

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