Pesquisa revela perfil das mulheres que usam crack

Uma pesquisa inédita revelou o perfil das mulheres usuárias de crack e intervenções a elas direcionadas em HIV/Aids e doenças sexualmente transmissíveis em Foz do Iguaçu. O trabalho aponta à necessidade de atenção à dependência química, considerando que todas vivem em situação "de extrema vulnerabilidade". A pesquisa foi divulgada pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Atenção às Drogas e Aids (Cepada), que contou com o apoio da CDC/Global Aids Program Brazil e programa nacional DST/Aids do Ministério da Saúde. O método utilizado considera a qualidade das entrevistas e é de aplicação rápida e de pronta resposta.

Segundo relato das pesquisadoras, "o programa de redução de danos realizado revelou um número significativo de mulheres usuárias de crack vulneráveis às doenças, o que inclusive foi motivo da implantação de um trabalho específico para mulheres profissionais do sexo, através da organização não-governamental Núcleo de Apoio e Solidariedade aos Doentes de Aids (Nasa)".

O objetivo da pesquisa foi traçar o perfil das mulheres usuárias de crack e o seu comportamento com relação à troca de sexo por dinheiro e/ou drogas, aceitação do uso de preservativos nas relações sexuais, relação do crack com a violência e a repressão, bem como a sua relação com doenças como hepatite, tuberculose, HIV/Aids, além do conhecimento das intervenções existentes direcionadas a esta população, serviço de testagem, programa de redução de danos, serviços de saúde em geral, assistência às pessoas vivendo com aids e assistência específica para dependentes químicos.

Conforme a pesquisa, "o estudo envolveu profissionais da saúde que trabalham nas intervenções mencionadas e teve como objetivo ouvir suas sugestões para elaborar, reestruturar futuras intervenções, visando à prevenção da aids, e melhora dos serviços de saúde disponíveis para dependentes químicos".

A pesquisa atingiu 40 usuárias e dependentes do crack, com idade entre 18 e 40 anos, que se revelaram desprotegidas em relação às doenças com o não uso da camisinha, mesmo conhecendo métodos de prevenção, expostas a violência dos parceiros sexuais e ainda vivendo em situação de exclusão social.

Conforme a pesquisa, apesar da exclusão social, as usuárias "geralmente conseguem dinheiro com prostituição, tráfico de drogas, contrabando e pequenos furtos, o que faz com que ganhem entre R$ 500 e R$ 3 mil, recursos que acabam transformados em drogas".

Medidas

A pesquisa aponta a necessidade de intervenções mais flexíveis, como oferecer serviço de saúde noturno, "já que essas pessoas geralmente dormem pela manhã, pois passam as noites acordadas e que abordem questões como saúde reprodutiva, camisinha e doenças as quais estão vulneráveis como DSTs e outras doenças relacionadas ao consumo do crack, como a tuberculose".

E a realização de atividades culturalmente adequadas e voltadas para as necessidades de cada comunidade, para diminuir o comportamento vulnerável e estimular o acesso das mulheres aos serviços já existentes. Enfim, indica uma readequação dos serviços já existentes na rede pública de Saúde.

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