Par Ideal vira fonte de dados

A agência de casamento Par Ideal, em Curitiba, está se transformando numa espécie de centro de pesquisa e análise de comportamento. Uma série de cientistas, psicólogos, nutricionistas e jornalistas buscam freqüentemente o perfil dos clientes da agência para levantar estatísticas. O sucesso da Par Ideal rendeu à sua criadora, Sheila Rigler, o Prêmio Mulher Empreendedora 2006, na categoria empresa individual pela região Sul.  

Dados como o aumento dos casos de homens que ficam com a guarda dos filhos ou quadros comparativos sobre a diferença de gênero para consumo de fumo são exemplos de pesquisas. A base de informações são os questionários respondidos pela agência paranaense. Um dos estudos recentes é o da professora de Psicologia Lídia Weber, da Universidade Federal do Paraná, com o tema ?Estilos de amor, auto-estima, assertividade e timidez e sociabilidade em pessoas cadastradas na agência Par Ideal?.

O trabalho especula se as pessoas que procuram agências teriam necessariamente características relativamente negativas face àquelas que preferem encontrar um parceiro amoroso no cotidiano. O resultado surpreende, porque mostra o oposto. Ou seja: quem procura a Par Ideal são pessoas com auto-estima elevada e que sabem o querem da vida.

Isso difere bastante do pensamento comum. De acordo com Sheila, esta pesquisa é importante para se entender melhor este tipo de mercado. ?O meu empreendimento é todo baseado no modelo europeu. No Brasil, há muito preconceito, mas, na Alemanha, metade dos casais é formado via agências. Na França existem cerca de 1,2 mil empresas desse porte, mas com muita exigência profissional?, compara. A empresária afirma ainda que no Brasil é muito grande o número de agências de casamento pouco sérias.

Perfil

Formada em Pedagogia, Sheila Rigler tem talento e experiência de sobra. Desde quando começou a trabalhar, em 1976, na Prefeitura de Curitiba, sempre atuou na área psicopedagógica. ?Atuei na implantação de creches, em treinamento de pessoal e coordenei grupo da terceira idade. Deixei a prefeitura em 1994 e decidi abrir meu próprio negócio, e estou feliz da vida. Minha maior satisfação é quando os clientes vêm contar que estão namorando, quando vão casar e quando nascem os filhos.?

Ética

Até por causa da experiência de Sheila, a Par Ideal é especializada em relações humanas e tem como receita do sucesso o compromisso ético e o rigor profissional. Além do sigilo, com a garantia de que nenhum cliente seja visto durante as consultas, há o preenchimento de um vasto questionário de 200 perguntas para montar perfis. As entrevistas realizadas pela agência de relacionamentos são pautadas com boa dose de psicologia e sociologia educacional, num público formado por pessoas a partir de 21 anos, com bom nível cultural.

Agência já ajudou a formar mais de mil novos casais

 Foto: Arquivo

Sheila ganhou o Prêmio Mulher Empreendedora 2006.

Em 12 anos de existência, a Par Ideal ajudou a formar 1.082 uniões, das quais houve apenas oito separações. Ao todo, 70% dos clientes estão conhecendo pessoas e namorando. O sucesso do empreendimento foi perfilado na edição de novembro de 2006 da revista Marie Claire, que o elegeu como uma das três principais agências de casamento do Brasil.

Com faturamento mensal entre R$ 15 mil e R$ 25 mil, a Par Ideal existe desde 1995. O investimento inicial foi de R$ 100 mil. ?No começo, havia muito preconceito. Curitiba era meio provinciana e muita gente achou que eu estava abrindo uma casa de programa. O conceito era muito novo e até a fortuna que gastei com publicidade não surtiu efeito positivo, porque muitos ainda não entendiam nossa proposta. Só depois que eu mesma passei a produzir as peças de folder e anúncio é que minha empresa de fato passou a crescer?, lembra Sheila Rigler.

Perguntada se seu número de clientes diminuiu por causa dos sites de relacionamento, ela sorri. ?Na internet existe muito golpista à procura de vítimas, e homens casados preocupados apenas em se divertir. Ao contrário, a Par Ideal está muito bem e, desde 2004, penso em abrir franquias. No entanto, as pessoas que nos procuram acham que basta ter um telefone, um computador e uma salinha. É preciso vocação para o campo das relações humanas e ter muito zelo para tocar esse tipo de empresa.? (ASN)

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