Países criticam filme contra o Islã de ultra-radical holandês

Vários países muçulmanos criticaram nesta sexta-feira (28) a divulgação do filme Fitna do deputado ultra-radical holandês Geert Wilders, que chama o Islã de "fascista". Em meio à forte polêmica, o cineasta decidiu na quinta-feira (27) colocar o filme na internet, após emissoras de TV se recusarem a divulgá-lo.

"O filme tem apenas o objetivo de incitar e provocar tensão e intolerância entre pessoas de diferentes religiões, além de colocar em risco a paz e estabilidade mundial", afirmou a Organização de Conferência Islâmica (OIC), que reúne 57 países.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também criticou duramente o filme, que chamou de "ofensivamente antiislâmico". Para Ban, "não há justificativa para discurso de ódio".

O curta-metragem mistura trechos do Alcorão com imagens de vários atentados, entre eles o da Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001, nos EUA. Em recente entrevista, Wilders disse que "Fitna é o último alerta para o mundo ocidental. A luta pela liberdade apenas começou".

Nesta sexta-feira (28), associações muçulmanas na Holanda pediram calma à sua população (cerca de 6% dos habitantes do país), tentando evitar confrontos violentos, como os que sucederam a morte do cineasta holandês Theo Van Gogh, que criticou num filme o tratamento das mulheres no Islã. Apesar da preocupação das associações e do governo – que há cinco meses vinha fazendo um trabalho preventivo para evitar a fúria dos muçulmanos, não houve manifestações violentas. Wilders, no entanto, vive desde 2004 sob forte proteção policial, depois de receber ameaças de morte após a morte de Van Gogh.

Nesta sexta (28), o Sindicato dos Jornalistas Dinamarqueses anunciou que entrará com um processo contra Wilders por uso indevido de uma caricatura do desenhista Kurt Westergaard em seu filme. O desenho de Westergaard, que mostra o profeta Maomé com uma bomba em seu turbante, e outras caricaturas sobre o Islã desencadearam uma série de violentos protestos em 2006 na Dinamarca. Vários países muçulmanos chegaram a boicotar produtos dinamarqueses.

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