ONU: e-mails não afetam negociação em Copenhague

A principal autoridade em clima da Organização das Nações Unidas (ONU), Yvo de Boer, afirmou ontem que os e-mails de cientistas sobre o clima que foram tornados públicos por hackers podem ter abalado a imagem das pesquisas sobre o aquecimento global, mas a evidência do aquecimento da Terra é sólida. Boer disse que os e-mails “roubados” de uma universidade britânica levaram ceticismo para aqueles que acreditam que a ciência é manipulada para exagerar os efeitos do aquecimento global.

“Eu acho que muita gente é cética sobre a questão e quando eles passam a acreditar que os cientistas estão manipulando informações em certa direção, a preocupação destas pessoas aumenta”, disse. Os e-mails dos cientistas da University os East Anglia parecem mostrar alguns dos principais cientistas mundiais discutindo formas de proteger informações do público. Contudo, Boer defendeu o rigoroso processo de revisão feito por cerca de 2.500 cientistas nas pesquisas de mudanças climáticas. “Eu acho que esta pesquisa é sólida e a mais confiável até hoje realizada.”

Os negociadores do clima e líderes mundiais de 192 países se reunirão em Copenhague pelas próximas duas semanas, procurando concordar na elaboração de um pacote de medidas para combater o aquecimento global e ajudar suas vítimas. Uma questão principal é a redução das emissões de gases de efeito estufa que os cientistas culpam pelo aumento das temperaturas registrado nas décadas recentes.

O negociador climático dos Estados Unidos, Jonathan Pershing, afirma que a ciência do aquecimento global é “muito robusta, muito substancial”. Ele disse que a controvérsia em torno dos e-mails aconteceu em uma hora infeliz, bem antes da tão esperada conferência da ONU.

COP-15

Negociadores na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) em Copenhagen tentam fixar metas para controlar as emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa, incluindo os dois principais emissores, China e EUA. Eles também tentarão encontrar um acordo em como os países ricos poderão pagar para ajudar as nações pobres a lidar com as mudanças climáticas.

Boer afirmou que não acredita que a conferência irá fracassar porque as principais nações já fizeram propostas para as emissões e assistência financeira, embora elas ainda sejam menores do que os especialistas dizem ser necessário.