Novo prazo acaba e Zelaya encerra diálogo em Honduras

A comissão negociadora do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, deu por encerrado o diálogo que manteve sem êxito durante 22 dias com o governo de facto, liderado por Roberto Micheletti, afirmou hoje o coordenador do grupo, Víctor Meza. “Em virtude de que se cumpriu o prazo fixado hoje (ontem) às 4h30 da tarde, para nós, a delegação do presidente Zelaya, o diálogo está concluído”, afirmou Meza durante entrevista por telefone, depois da meia-noite.

“De nossa parte, não há mais espaço para seguir dialogando com pessoas que só buscam alongar o diálogo”, criticou. A delegação do líder deposto havia estabelecido a meia-noite de ontem como data-limite para receber uma proposta do governo de facto. Meza afirmou que não recebeu esta proposta no prazo.

Zelaya adiou para hoje de manhã uma entrevista coletiva, sem explicar os motivos para isso. Ontem à tarde, a delegação do líder deposto rechaçou uma proposta do governo de facto. Como contraproposta, sugeriu que o Congresso restituísse Zelaya ao cargo de que foi retirado em um golpe militar em 28 de junho.

 

“É a última proposta que a comissão do presidente Zelaya formula”, disse Meza ao apresentá-la. Os negociadores de Micheletti disseram que não acataram o prazo estabelecido e ofereceram uma proposta para hoje de manhã. Uma negociadora do governo de facto, Vilma Morales, disse que “esta comissão lamenta que (a proposta de Zelaya) representa um retrocesso dramático que parece querer adiar o fim da crise”.

 

O governo de facto queria que a Suprema Corte decidisse sobre a volta ou não de Zelaya à presidência. Para o líder deposto, porém, essa entidade fez parte do golpe, apoiando-o, e não poderia ficar com a decisão. Zelaya ressalta que sua volta ao cargo é essencial para qualquer acordo.

Os dois lados trocam acusações sobre a real vontade de os rivais buscarem uma solução para o impasse. Zelaya está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa desde 21 de setembro, à espera do fim da crise.