Bloqueio econômico

No dia do aniversário, Fidel cobra dívida milionária dos EUA

O ex-presidente cubano Fidel Castro, em seu aniversário de 89 anos, nesta quinta-feira (13), ratificou a vocação de paz de Cuba em tempos de “desgelo” com Washington, mas não deixou de lembrar as “dívidas” de “vários milhões de dólares” causadas pelo bloqueio econômico.

As declarações ocorrem um dia antes da histórica visita do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, para içar a bandeira de seu país na reabertura da Embaixada em Havana nesta sexta-feira (14).

Castro, em um artigo publicado nesta quinta pelo diário oficial “Granma”, lembrou que os Estados Unidos “devem a Cuba as indenizações equivalentes aos danos, que resultam em vários milhões de dólares, denunciados por nosso país com argumentos e dados inegáveis durante nossos discursos nas Nações Unidas”.

Desta maneira, sem mencioná-lo diretamente, o ex-líder cubano se referiu ao embargo norte-americano – ou bloqueio, como descrevem os cubanos – em uma medida que dura quase 60 anos.

No mês passado, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) estimou que o embargo custou a Cuba cerca de US$ 117 milhões até o momento. No contexto da “reaproximação diplomática”, anunciado ao mundo por ambas as nações no dia 17 de dezembro de 2014, o presidente Barack Obama pediu ao seu Congresso o “levantamento” da medida.

O ponto mais alto do conflito não pode ser resolvido pelo presidente dos Estados Unidos. A eliminação dessa medida passou para as mãos dos parlamentares, onde tem maioria o Partido Republicano.

As indenizações mútuas são outro tema “quente” no diálogo entre os dois países porque Washington também exige um pagamento pelas propriedades que eram de cidadãos norte-americanos e que foram “nacionalizadas” pelo sistema socialista fundado por Castro.

A imprensa cubana dedicou nesta quinta-feira seus mais amplos espaços para o aniversário do “Comandante em Chefe”, deixando em segundo plano a viagem que Kerry fará amanhã a Havana. Essa visita é considerada histórica, já que será a primeira de uma figura do governo dos Estados Unidos a visitar o local em 70 anos.

“Fidel segue sendo Fidel”, escreveu em sua primeira página o “Granma”. “Seus 89 anos o converteram em um homem com o feito de ter vivido muito, de ser protagonista ou testemunha dos maiores acontecimentos de Cuba durante o século passado e o presente”, escreveu o órgão do governante Partido Comunista em seu editorial.

O comentário não se referiu diretamente aos Estados Unidos, seu principal inimigo em mais de um século, em um conflito que iniciou pouco tempo depois do triunfo da revolução liderada por Castro no dia 1º de janeiro de 1959.

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