Nanociências alteram perfil dos cientistas

O caráter multidisciplinar das nanociências e das nanotecnologias promove uma mudança no perfil dos profissionais e na forma de condução das pesquisas. Se a priori os problemas relacionados à dimensão nanométrica estão relacionados à física, o estudo da composição dos materiais sua utilização e seu desempenho têm mais a ver com áreas como química, biologia e engenharia.

“Não dá para trabalhar em nanociência sem uma estrutura interdisciplinar bem articulada”, comenta Henrique Eisi Toma, professor do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP). Antes mesmo do advento da nanotecnologia, várias instituições em todo o mundo já se preocupavam com a formação de um novo tipo de profissional, capaz de transitar livremente pelas fronteiras interdisciplinares da ciência. Principalmente a biologia foi afetada por essa nova demanda, a ciência foi reestruturada sob o nome de biologia molecular.

A USP foi pioneira no país ao criar, no início da década de 90, um curso experimental de Ciências Moleculares, com uma plataforma de ensino totalmente interdisciplinar. Entretanto, essa iniciativa importante em termos pedagógicos, não levou à solidificação de um Instituto de Pesquisa em Nanotecnologia e Nanociências. Segundo Toma, apesar da ciência brasileira se encontrar em uma curva evolutiva exponencial, existe um descompasso com o setor industrial ou empresarial. “Nos países desenvolvidos, é esse o setor que vem pressionando o incremento da nanotecnologia. As principais corporações mundiais, como Xerox, IBM, Hewlett Packard, além de organizações como a Nasa, contam com divisões de nanotecnologia e investem fortemente nessa área”, comenta Toma. Outro exemplo do potencial do setor foi o lançamento, pela revista norte-americana Forbes, da Nanotech Report (www.forbesnanotech.com)  para manter o setor empresarial e de investimento informado a respeito dos avanços e perspectivas da nanotecnologia. (Hebert França)

Voltar ao topo