Manter um ?cachorro in door? exige alguns cuidados

Manter um cachorro em condomínio – horizontal ou vertical – pode não ser uma tarefa fácil. Dependendo do temperamento do animal e dos hábitos do dono, a presença do bichinho pode ser motivo de muita confusão, gerando desentendimentos entre vizinhos e dor de cabeça aos síndicos.

Segundo a advogada do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), Luana do Bonfim e Araújo, devido ao direito de propriedade, não é possível proibir pessoas que vivem em condomínios de terem cães. Porém, as mesmas devem tomar alguns cuidados quanto à presença dos animais nas áreas comuns dos locais onde moram, como hall de entrada, corredores, salões de festa e playground.

?Quando um condomínio não quer permitir que alguém tenha um cão em seu apartamento, a Justiça acaba permitindo?, explica Luana. ?Porém, se o animal estiver incomodando outros moradores, a Justiça também pode determinar a saída do animal do local. Para isso, basta que a pessoa que está se sentindo incomodada entre em juízo pedindo a retirada do cão?.

Na maioria das vezes, antes de o caso ser levado à Justiça, os moradores incomodados pedem ajuda ao síndico do condomínio. Esse, por sua vez, acaba entrando em contato com o condômino proprietário do animal e explicando a situação. Se a mesma não for solucionada, pode haver aplicação de multa, cujo valor é estabelecido pelo próprio condomínio e varia de local para local.

Regras

Para evitar tanto a multa quanto o conflito judicial, Luana alerta que os condomínios devem impor determinadas regras, às quais os condôminos têm obrigação de seguir. ?As regras são importantes, mas independente delas os moradores que têm animais devem agir com bom senso. Atualmente, a maioria da população que mora em apartamentos aceita bem a presença de cães em condomínio. Porém, sempre existem pessoas que não gostam de ter contato com os bichos e que não precisam ser obrigadas a conviver com eles, necessitando serem respeitadas?.

As regras impostas devem visar a saúde, segurança e o sossego de todos os moradores. Quanto à saúde, pode ser determinado, por exemplo, o controle da carteirinha de vacinação dos animais que vivem no local. Em relação à segurança, pode ser exigido que os animais não sejam soltos nas áreas comuns ou que cães de grande porte só possam circular com focinheira. Já no que diz respeito ao sossego, pode-se sugerir o adestramento de cachorros que latem o dia todo ou costumam uivar durante a noite.

Raças

Outra dica, de acordo com o médico veterinário João Alfredo Kleiner, é tomar muito cuidado antes de escolher a raça do cachorro que será levado ao condomínio. É importante realizar pesquisas e conversar com pessoas que já tenham o animal. Cães grandes não costumam ser indicados, pois geralmente necessitam de maior disponibilidade de espaço e podem ficar estressados em áreas muito restritas. São indicados o poodle, lhasa apso, schnauzer, pequinês, yorkshire terrier, dachshund, entre outros.

Desvocalização do cão não resolve o problema

Incomodados com os latidos de seus cães, sem tempo para educá-los e cansados das reclamações dos vizinhos, muitos proprietários acabam optando em submeter seus bichinhos à cirurgia de desvocalização, na qual as cordas vocais são retiradas por completo ou de forma parcial.

Apesar de o método parecer a solução de todos os problemas, não é indicado por médicos veterinários e é considerado agressivo aos animais. Segundo o veterinário João Alfredo Kleiner, o procedimento geralmente é realizado a partir do sexto ou sétimo mês de vida. Dura entre 45 minutos e uma hora, custa cerca de R$ 450 e é feito com anestesia geral.

Muitas vezes, depois de algumas semanas, nas quais ocorre a recuperação da operação, o cão volta a emitir som. ?O animal passa a emitir um latido rouco – parecido com o som de uma pessoa fumante – que muitas vezes incomoda muito mais do que o latido normal?, explica.

Além do barulho incômodo, a retirada das cordas vocais pode gerar problemas psicológicos aos animais, que perdem um dos seus principais instrumentos de comunicação e sociabilização. ?Para controlar os latidos, o melhor é optar pelo adestramento, que faz parte do processo de educação dos cães. A cirurgia não é considerada uma boa opção?, finaliza. (CV)

Donos amenizam dificuldades e valorizam companhia

Quem tem cães em condomínios garante que não é difícil contornar os problemas que os animais possam gerar e que a companhia dos bichinhos acaba compensando os possíveis infortúnios.

A administradora de empresas Lilian Domazaki mora em apartamento e é dona de Billy, um poodle de 14 anos de idade. Quando o cão chegou à sua residência, ela tinha receio de que os vizinhos pudessem se sentir incomodados, mas nunca recebeu uma única reclamação.

?Quando o Billy era filhote, ele chorava bastante e eu tinha medo que isso pudesse irritar os vizinhos. Porém, fui educando-o aos pouquinhos e hoje ele é bastante comportado e silencioso. Também não tenho problemas com cheiro ruim, pois levo o cachorro para banho toda semana e ele aprendeu a fazer suas necessidades na rua?, afirma.

Já a gerente de hotel Susy da Silva, mantém o pequeno TJ, um poodle de quase três anos, em seu apartamento. Ela também nunca teve problemas com os vizinhos, mas se preocupa com o bem-estar do animal em um espaço restrito como o de um apartamento.

?TJ é bem comportado e nunca ninguém se queixou dele. O inconveniente que vejo em tê-lo em apartamento é que, ao contrário de cães que vivem em casa, ele não tem muito espaço para brincar?, diz. ?Dessa forma, eu o levo sempre para passear e procuro fazer com que ele não fique muito tempo sozinho?. (CV)

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