Lugo pede estado de exceção em cinco Estados do país

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, entregou ontem um documento ao Congresso pedindo uma lei urgente que declare estado de exceção, por 60 dias, em 5 dos 17 departamentos (Estados) do país. A intenção da medida é facilitar a captura de membros do grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), que desde 2008 realiza sequestros para obter dinheiro.

“É possível garantir que com a declaração do estado de exceção as forças militares terão ampla liberdade de atuar, para que volte a paz à cidadania e esses delinquentes do EPP sejam capturados e postos à disposição da justiça”, afirmou Lugo após uma reunião com o senador Miguel Carrizosa, do partido opositor Pátria Querida. Carrizosa é o atual presidente do Congresso. “Agradeço ao Congresso Nacional porque nos grandes momentos de crise do país os pedidos do Executivo têm sido atendidos”, afirmou o mandatário.

O documento de Lugo foi acompanhado de um projeto de lei para estabelecer o estado de exceção nos departamentos de Amambay, San Pedro, Concepción e Alto Paraguai, no norte do país, e também no de Villa Hayes, no noroeste. Lugo cancelou sua viagem à Bolívia, onde deveria participar de uma conferência mundial sobre as mudanças climáticas.

O EPP é uma dissidência do partido de esquerda Pátria Livre, que não tem representação no Parlamento. O grupo foi conhecido pelo público em 2008, quando sequestrou um fazendeiro em San Pedro. No fim daquele ano, o EPP incendiou um posto militar. No ano seguinte, outro fazendeiro foi sequestrado, no departamento de Concepción. Pela liberação dos dois reféns, o grupo cobrou US$ 700 mil, segundo a promotoria antissequestro paraguaia.

O vice-ministro do Interior, Carmelo Caballero, anunciou em entrevista coletiva que o grupo guerrilheiro reapareceu ontem tentando roubar animais da fazenda Santa Adelia, de Concepción, 400 quilômetros ao norte de Assunção. Caballero disse hoje que os membros do grupo “estão em situação difícil, porque capturamos este ano 16 pessoas que forneciam a eles a logística para a sobrevivência na selva”.