Líder paramilitar da Colômbia confessa assassinato de mais de 3 mil pessoas

Hebert Veloza, um dos chefes paramilitares das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), confessou mais de 3 mil homicídios cometidos por seus homens entre 1994 e 2003, de acordo com uma entrevista concedida ao jornal colombiano El Espectador.

O ex-líder da organização criminosa, preso sob a acusação de tráfico de drogas e que espera sua extradição para os Estados Unidos, revelou também uma rede de ligações com políticos, militares, empresas e cartéis do narcotráfico.

Veloza contou que muitas das mais de 3 mil pessoas mortas por ordens suas foram jogadas em valas comuns e nas águas do rio Cauca a pedido do exército colombiano, com o qual realizavam “operações conjuntas antiguerrilha”.

“Façam desaparecer os corpos e nós fazemos vocês trabalharem”, diziam, segundo Veloza, os oficiais da força pública, que não queriam que aumentasse o índice de mortes violentas nos municípios vigiados pela polícia e pelo exército.

“Morreram mais inocentes que culpados, mas a guerra é assim. Assassinamos muita gente só por serem suspeitas de simpatizarem com a guerrilha”, acrescentou Veloza, em referência às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

No que se refere à relação com o mundo político, o ex-membro chefe das AUC declarou que alguns senadores “diziam que nos combatiam, mas tinham sido eleitos com o nosso voto e nos pediam favor. Um deles chegou até a pedir que fizéssemos uma simulação de seqüestro para aumentar sua popularidade”.

“As empresas que nos financiavam para que fizéssemos parar as greves também são responsáveis pelas vítimas, porque não nos pagavam para matar pessoas, mas com o dinheiro delas comprávamos armas e munições”, continuou Veloza.

Por fim, ele admitiu também ligações das AUC com o Norte del Valle, cartel colombiano de narcotraficantes.”Pedíamos suborno para protegê-los porque é impossível financiar uma guerra com o dinheiro da economia legal, mas eles nunca entraram nas milícias”.

O núcleo das AUC foi desmantelado por meio de uma negociação baseada em uma Lei de Paz e Justiça que concedia benefícios àqueles que confessavam seus delitos.