Justiça da Tailândia pede prisão de ex-presidente

A Corte Criminal da Tailândia emitiu um mandado de prisão nesta terça-feira para levar de volta ao país o líder deposto Thaksin Shinawatra para que seja julgado por terrorismo, medida que pode dar início a uma caçada internacional ao homem que as autoridades tailandesas acusam de instigar os confrontos da semana passada em ruas de Bangcoc. O governo tailandês e líderes do Exército dizem que Thaksin incitou os confrontos entre os manifestantes conhecidos como Camisas Vermelhas e as forças de segurança, que resultaram na morte de pelo menos 88 pessoas.

Thaksin, um ex-presidente deposto após um golpe militar em 2006 e que agora vive no exílio, incitou várias vezes os Camisas Vermelhas em sua campanha para a realização de novas eleições, segundo funcionários do governo e algumas pessoas envolvidas nos protestos. Eles dizem que ele mantinha contato próximo – por internet, telefone e ocasionalmente com visitas – com líderes radicais que estocaram armas como granadas, explosivos improvisados e foguetes caseiros usados contra o Exército.

O governo congelou várias contas bancárias e em corretoras ligadas a Thaksin nos últimos dias, dizendo que elas foram usadas para ajudar a patrocinar os ataques contra soldados e civis. A violência culminou com as tropas usando munição de verdade contra manifestantes linhas-duras enquanto outros manifestantes incendiavam importantes alvos econômicos, dentre eles a bolsa de valores da Tailândia e o maior shopping center do país.

Reação

Thaksin rapidamente negou as acusações, que podem resultar em pena de morte, aumentando a guerra de relações públicas. Em comunicado, ele disse que as acusações de terrorismo tiveram motivação política e que o governo do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva estava usando as acusações contra ele e contra vários líderes Camisas Vermelhas como uma manobra para silenciar dissidentes e desviar a atenção do grande número de mortos dos violentos confrontos da semana passada. “Os manifestantes pró-democracia são agricultores e, hoje, o governo, apoiado pelos militares, os está chamando de ‘terroristas'”, disse Thaksin.

Seu advogado, Robert Amsterdam, contra-atacou postando fotos em seu site que mostram soldados disparando contra manifestantes durante os confrontos da semana passada. Amsterdam disse, em entrevista por telefone de Londres, que acredita ser improvável que o ex-líder seja extraditado para ser julgado na Tailândia tendo em vista o ambiente político altamente polarizado. “A chance de qualquer governo de estado de direito considerar extraditar Thaksin nessas circunstâncias é zero”, disse ele.

Escalada política

Thaksin é um como um herói em algumas partes da Tailândia. Um rude magnata das telecomunicações que usou sua aptidão comercial para fazer carreira política, ele foi eleito primeiro-ministro em 2001. Rapidamente ele conquistou um poderoso eleitorado ao fornecer assistência médica a preços acessíveis e empréstimos a juros baixos para a grande população rural do país.

Em Bangcoc e em outras partes do país, porém, Thaksin é odiado pelas instituições conservadoras que o acusam de abusos contra os direitos humanos, desprezo por contas e orçamentos e uma tendência a praticar políticas que beneficiem os negócios de sua família. Quando Thaksin começou a colocar seus partidários em altos cargos militares, o alto comando do Exército o depôs num golpe sem violência.

Mas Thaksin continua a influenciar a política tailandesa, afirmam analistas, e ele continua popular nas áreas rurais. Seu apoio político e financeiro ao movimento dos Camisas Vermelhas foi crucial, ao permitir que os manifestantes fechassem boa parte do centro da capital nas últimas semanas, afirmam analistas. Thaksin antes de ele ser acusado de corrupção, principalmente quando ele estava morando em Londres. Complicações no tratado de extradição entre a Grã-Bretanha e a Tailândia atrasaram o processo. O governo britânico revogou o visto de Thaksin, mas depois disso ele se instalou em Dubai. As informações são da Dow Jones.

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