Itália recorda 500 anos da viagem de Vespúcio

Quinhentos anos após as viagens de Américo Vespúcio ao continente que seria batizado com seu nome, a Itália presta homenagem ao navegador com um simpósio internacional e duas exposições. O simpósio é dedicado principalmente ao Mundus novus, a narrativa de Vespúcio sobre sua expedição de 1501 às chamadas “Índias ocidentais”, nove anos após a descoberta do continente por Cristóvão Colombo.

Os organizadores do evento declararam que será voltado aos “métodos para a investigação histórico-geográfica”, com o fim de “estabelecer a verdade quanto às numerosas versões sobre o personagem e suas viagens”. Para alguns estudiosos, Vespúcio foi um impostor e ignorante, enquanto outros o consideram um grande descobridor e um afamado homem de cultura.

O total das viagens de Vespúcio à América é alvo de polêmica histórica, pelas contradições entre dois documentos a respeito: uma carta do navegante ao magistrado veneziano Piero Soderini, impressa em 1504 com o título “Lettera di Amerigo Vespucci delle isole nuovamente ritrovate in quatro suoi viaggi”, menciona quatro viagens, mas em “Mundus Novus”, carta enviada a Lorenzo de Médici e editada em Paris em 1502, são citadas apenas duas.

A primeira viagem, posta em dúvida por muitos historiadores e negada por outros, teria começado em Cádiz, em 1497, retornando à Europa em 1498. A serviço de Portugal, Vespúcio esteve na expedição exploradora de 1501, que partiu de Lisboa em maio daquele ano, e teria participado de outra expedição em 1503, financiada pelo comerciante Fernando de Noronha.

A discrepância sobre as viagens foi atribuída por um dos organizadores do simpósio à interpretação da carta a Soderini. “O texto foi levado ao pé da letra pelos estudiosos da época, e só no século XIX é que se entendeu o aspecto fantástico da carta, que partia de elementos reais para transformar-se numa narrativa inventiva e colorida, para delícia dos leitores”, afirmou.

Além dos debates históricos, Vespúcio será lembrado por duas mostras em Roma e Florença, a primeira dedicada ao “Mundus novus”, considerado um dos primeiros “best-sellers” da história, e a segunda às viagens e à vida do navegante florentino.

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