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Governo polonês busca conter revolta popular por causa de proposta antiaborto

O governo polonês enfrentou forte resistência à proposta legislativa que baniria o aborto por completo nesta terça-feira. A revolta com a restrição da proposta levou para as ruas uma massa de manifestantes mulheres. Como resposta aos protestos, o governo deu sinais de que iria retirar o seu apoio à medida.

O ministro das Relações Exteriores, Witold Waszczykowski, condenou as manifestações – das quais participaram dezenas de milhares de mulheres em todo o país – alegando que não tinham impacto significativo e que zombavam da seriedade da questão.

No entanto, quando isto provocou a revolta de parlamentares mulheres da oposição, a primeira-ministra Beata Szydlo buscou conter a situação, dizendo que não concordava com as declarações do ministro Waszczykowski. A primeira-ministra também informou que o seu governo não está engajado na tentativa de restringir ainda mais a legislação atual – a qual já está entre as mais conservadoras da Europa.

“Eu quero dizer isto de maneira bem clara. O governo do Lei e Justiça [partido] não trabalhou e não está trabalhando em nenhuma legislação para mudar qualquer regulamento”, disse Beata Szydlo.

Recentemente, uma iniciativa de orientação antiabortiva reuniu cerca de 450 mil assinaturas em apoio ao banimento total do aborto. Com base neste documento, parlamentares decidiram abrir uma votação para fomentar uma nova legislação. Atualmente, a questão está sendo analisada por uma comissão parlamentar.

Na segunda-feira, muitas polonesas vestiram preto e foram às ruas para protestar contra as medidas restritivas numa mobilização a qual chamaram de Black Monday. Muitas delas também convocaram uma greve geral, deixando de ir ao trabalho, à escola ou universidade. Para um país no qual o movimento feminista sempre foi pequeno, a grande adesão à greve foi surpreendente.

O Parlamento da União Europeia pretende debater a questão da mulher na Polônia na quarta-feira. Além de banir o aborto por completo, há esforços para que haja punição com até cinco anos de prisão para mulheres e médicos que busquem abortar.

Desde 1993 a Polônia já possui uma das regulamentações sobre aborto mais restritas, a qual autoriza o aborto apenas nos casos de estupro, incesto, graves problemas no feto ou risco à vida da mulher. Fonte: Associated Press.

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