Governo paraguaio é acusado de omissão quanto a existência de guerrilhas

Uma promotora e o ex-vice-presidente Luís Castiglioni sugeriram nesta quarta-feira (7) que autoridades do governo paraguaio sabem da existência e estariam se omitindo em relação à existência de grupos guerrilheiros que atuam no país.

A polêmica cresceu há uma semana, depois que uma organização autointitulada Exército Popular Paraguaio (EPP) saqueou e incendiou um posto militar no departamento (estado) de San Pedro, norte do país. Na mesma região, antes, o grupo também havia incendiado uma delegacia. Ante a reincidência de ataques, a promotora de San Pedro, Lílian Ruiz, afirmou que os supostos guerrilheiros estariam sendo protegidos por autoridades estaduais, com as quais mantêm relações.

“Em Tacuatí (cidade onde aconteceu o ataque ao posto militar) sabem de tudo, até quem é o homem que os treinava”, afirmou ela a uma rádio paraguaia. O governador de San Pedro é José Ledezma, aliado do presidente Fernando Lugo, que foi bispo naquele estado durante 10 anos.

O ex-vice-presidente Castiglioni, por sua vez, pediu às autoridades que garantam a segurança da população. “Existem grupos armados com fins violentos que tentam levantar paraguaios contra paraguaios”, disse ao canal Telefuturo. “Se não estão conseguindo ver, ou pior, se querem esconder, é uma grave falta de responsabilidade”, acrescentou.

Nas últimas duas semanas, cresceram os rumores sobre a existência de supostos guerrilheiros no Paraguai. No fim de semana, o prefeito de Tacuatí, Orlando de Vaca, disse em entrevista a um jornal que estes grupos não somente existem como ainda estão refugiados em assentamentos de camponeses de San Pedro. A informação foi desmentida na segunda-feira pelo governo, sob a alegação de que os atentados ocorridos na região foram cometidos por criminosos comuns que se fazem passar por guerrilheiros.

Na semana passada, o ministro do Interior, Rafael Filizzola, já havia dito que as Forças Armadas investigariam os ataques e adiantou que o governo não permitiria a existência de “zonas liberadas” no país, em que houvesse ausência do poder público. Ele ressaltou que é dever do Estado controlar todo o território nacional, mas lembrou que os governos anteriores não investiram suficientemente nas Forças Armadas e na Polícia Nacional para tanto. Fernando Lugo, eleito presidente em abril, pôs fim a uma hegemonia de 61 anos do Partido Colorado no poder.