Governo argentino não aceita negociar com produtores

O governo argentino responde de forma negativa aos diversos apelos em favor do diálogo em busca de um acordo com o setor agropecuário. O ministro de Justiça, Aníbal Fernández, afirmou nesta sexta-feira (6) que "pedir um gesto de grandeza da presidente é um desrespeito", rebatendo, assim, aos pedidos da Igreja, do governador de Santa Fé, Hermes Binner, e dos produtores rurais, para que a presidente Cristina Kirchner ceda e convoque os dirigentes rurais a uma mesa de negociações.

"Quem pede um gesto de grandeza deveria estar associado à idéia de brigar pela mesa dos argentinos, que o pão valha o que está valendo hoje e não cinco vezes mais, ou a carne valha o que vale hoje e não termine custando 60 pesos", disse o ministro da Justiça durante entrevista.

O vice-presidente da Sociedade Rural Argentina, Hugo Biolcatti, acusou a presidente de "jogar um fósforo sobre gasolina" no conflito com o campo, durante discurso feito ontem (quinta/5), ao qualificar os produtores de avaros. Segundo Biolcatti, os produtores têm "poucas expectativas" de voltar a negociar com o governo. Nesta quinta-feira, Cristina disse que "só quem acumulou muita renda pode dar-se o luxo de ficar 90 dias sem trabalhar", referindo-se ao protesto iniciado no dia 13 de março dois dias depois da adoção de aumento de impostos sobre exportações.

Ainda nesta sexta-feira, as entidades rurais vão se reunir para decidir se terminam com o locaute antes do dia marcado, a próxima segunda-feira. Os líderes rurais não querem ser responsabilizados pelo desabastecimento no país. Com os bloqueios das rodovias por parte dos caminhoneiros, desde o fim da tarde de terça-feira, a perda de alimentos perecíveis é inevitável. Ontem, cerca de um milhão de litros de leite foram jogados fora. O mesmo ocorrerá com frutas e verduras.

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