Uma equipe de cientistas australianos e franceses refutou a teoria, comumente aceita, que afirma que as mudanças climáticas na Antártida são influenciadas pela evolução do clima na região do Atlântico Norte, incluindo o Pólo Norte. No estudo, que será publicado na revista científica “Science”, os geólogos especializados em glaciares analisaram cilindros de 10 centímetros de diâmetro e 1.200 metros de profundidade, em perfurações próximas à base australiana de Casey.
Durante seis anos, a equipe perfurou as camadas de neve antártica, acumulada durante 80 mil anos, e durante outros nove anos analisou os cilindros extraídos. Durante os últimos cinco verões, as amostras foram transferidas para Hobart, na Tasmânia, onde foram derretidas e analisadas.
Estudaram-se, em particular, as antiqüíssimas bolhas de ar aprisionadas no gelo, para descobrir o clima da região no passado. Os cilindros foram “sincronizados” e comparados com seus pares recolhidos na Groenlândia.
Segundo um dos autores do estudo, Tas Van Ommen, da Australian Antarctic Division, os resultados da pesquisa revelam que os mecanismos que regulam o clima mundial são mal compreendidos.
“Os cientistas haviam acreditado até agora que as rápidas mudanças no clima do Atlântico Norte estavam ligadas às da Antártida”, afirmou Van Ommen. “Essa teoria foi revisada e, ao contrário, é possível que sejam as mudanças no clima antártico que tenham influenciado o norte atlântico. Isso permitiria aos cientistas predizer o rumo do clima futuro nessa região”, acrescentou.