Fim de tortura fortalecerá os EUA, diz Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ontem que a técnica de simulação de afogamento, autorizada por seu antecessor, George W. Bush, é tortura. “Simulação de afogamento é tortura, e é por isso que eu acabei com essa prática”, disse Obama em entrevista coletiva na Casa Branca marcando os primeiros cem dias de seu governo. “Não importa que explicação jurídica arrumaram para isso, foi um erro.” O presidente americano disse que a informação obtida pelo governo com o uso de simulação de afogamento poderia ter sido obtida de outra maneira. “Poderíamos ter obtido a mesma informação de maneiras consistentes com nossos valores, embora pudesse ter sido mais difícil”, disse. Obama declarou que o fim da tortura tornará os EUA mais fortes. “Quando você começa a usar atalhos, você corrói o caráter da nação.”

Obama disse estar “profundamente preocupado” com a situação no Paquistão. “Não por acreditar que o Paquistão será dominado em breve pelo Taleban, mas porque o governo civil está muito frágil, e não é capaz de prover os serviços básicos à população, como saúde, escola, um sistema jurídico que funcione para a maioria das pessoas.”

Questionado se estava preocupado com a capacidade do Paquistão de manter seguro seu arsenal nuclear, Obama disse que confiava nas Forças Armadas paquistanesas para essa tarefa. Mas acrescentou que vem insistindo com os militares do Paquistão para que mudem sua estratégia: “Eles encaram a Índia como seu inimigo mortal, e na verdade deveriam se focar na ameaça interna – isso vem mudando nos últimos dias.” “Vamos oferecer toda a cooperação e respeitar sua soberania, mas é preciso que o Paquistão saiba que temos interesses estratégicos e não queremos acabar com um país instável com um arsenal nuclear.”

Obama declarou que está “contente com os progressos” alcançados nesses cem dias, “mas não satisfeito”. Para marcar a data, ele participou de uma sessão de perguntas e respostas com eleitores na cidade de Arnold, perto de Saint Louis, no Missouri. “Estou confiante com relação ao futuro, mas não estou contente com o presente”, disse. Questionado sobre o que o tinha deixado surpreso nesses primeiros cem dias, Obama não titubeou: “A quantidade de questões críticas que apareceram ao mesmo tempo.”

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