Ex-embaixador culpa Geórgia por guerra com a Rússia

O governo da Geórgia interpretou mensagens enviadas pelos Estados Unidos como encorajamento ao uso da força em suas províncias separatistas pró-Moscou, o que acabou por deflagrar uma breve guerra com a Rússia em agosto último, afirmou hoje Erosi Kitsmarishvili, que era embaixador da Geórgia em Moscou nos meses que antecederam o conflito.

Kitsmarishvili atribuiu a guerra exclusivamente às ações executadas por Tbilisi. A afirmação do ex-embaixador acirra o debate sobre o que ou quem deu início à guerra de cinco dias. O governo georgiano alega que o assunto deveria ser resolvido por uma investigação internacional.

A guerra estremeceu as relações entre Estados Unidos e Rússia. Funcionários do governo americano rejeitam sistematicamente a acusação russa de que os EUA teriam encorajado a Geórgia e avançar sobre a Ossétia do Sul em 7 de agosto.

Líderes georgianos alegam que a ofensiva foi deflagrada depois de separatistas ossetianos terem bombardeado povoados georgianos e de forças russas terem entrado da Ossétia do Sul pelo norte. Já a Rússia, que possuía mantenedores de paz na Ossétia do Sul, afirma ter enviado suas Forças Armadas para proteger os civis e os soldados de paz depois de a Geórgia ter atacado.

Os comentários feitos por Kitsmarishvili parecem sustentar os argumentos russos. De acordo com ele, os líderes georgianos acreditavam que os Estados Unidos apoiavam a idéia de que Tbilisi usasse a força para recuperar as províncias da Abkházia e da Ossétia do Sul. Ambas conquistaram a independência de fato e são patrulhadas por mantenedores de paz russos desde o início da década passada. Grande parte da população dessas duas regiões possui cidadania russa.

Kitsmarishvili disse que altos funcionários georgianos asseguraram a ele que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, manifestou seu apoio ao uso da força em março, quando recebeu em Washington o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili. Ainda de acordo com o ex-diplomata, autoridades georgianas também teriam percebido uma visita da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, nos dias 9 e 10 de julho como um encorajamento ao plano de retomar a Abkházia. Rice nega que Washington tenha encorajado Tbilisi a retomar militarmente as províncias.

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