Europa não cederá ao protecionismo latino-americano, afirma Napolitano

Em visita ao Chile, o presidente italiano Giorgio Napolitano afirmou que seria uma ilusão acreditar que a Europa estaria disposta a ceder ao protecionismo comercial da América Latina.

"Se, frente à profunda mudança verificada em processo, a Europa ficasse na defensiva, inclusive cedendo à tentação planejada por um protecionismo cheio de volubilidade, cometeria o mais grave dos erros", declarou Napolitano frente a uma centena de embaixadores, especialmente latino-americanos, reunidos na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), órgão da ONU, que tem sede na capital chilena.

"Isto seria exatamente um capricho ou uma ilusão, capaz de causar danos e produzir conseqüências muito negativas para as relações econômicas internacionais", acrescentou.

Segundo o presidente, a Europa "deverá tomar conhecimento de uma inevitável redução de seu peso na economia mundial", pois, no futuro, este peso será estabelecido de acordo com sua própria capacidade de conquistar posições na nova ordem mundial. Portanto, o continente deve aprofundar sua união e abrir-se à inovação tecnológica e ao avanço da especialização produtiva.

"A Europa só desempenhará um papel de primeiro plano no mundo do futuro se falar com uma só voz, se permanecer unida e se utilizar suas forças em total sinergia", declarou Napolitano.

Ainda durante a reunião da Cepal, o presidente italiano destacou que a globalização não garante crescimento ininterrupto e sem risco de crises, o que exemplificou citando a atual crise do mercado imobiliário norte-americano, que repercute "na desaceleração do crescimento econômico mundial projetado para 2008 e afetará os países emergentes, ainda que os golpes procedentes de países desenvolvidos não tenham o impacto que tinham no passado".

Sobre o crescimento dos emergentes Índia e China, Napolitano argumentou que isso provoca um aumento na "demanda e custo da energia e dos alimentos" que já não é possível eliminar "e provoca preocupantes tensões" na inflação.

O presidente fez um apelo por um "compromisso compartilhado" entre Europa e América Latina, o que, segundo ele, vem sendo relançado, de forma decidida e em todas as áreas, há tempos pelo governo italiano. Disse ainda que a melhor oportunidade para efetivar esse compromisso será a reunião da cúpula bilateral em Lima (Peru) em maio deste ano.

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