Enviado dos EUA vê ‘nova chance’ para Irã com Obama

Gregory Schulte, principal enviado dos Estados Unidos na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse nesta segunda-feira (24) que a mudança de governo em Washington seria uma boa oportunidade para o Irã iniciar novas negociações a fim de encerrar seu programa de enriquecimento de urânio. Porém, Schulte apontou que não deve haver uma mudança drástica na posição norte-americana.

Os EUA, a Grã-Bretanha e vários outros países ocidentais acusam Teerã de usar seu programa nuclear como uma fachada para desenvolver armas. O governo iraniano nega tal intenção e alega ter apenas fins pacíficos, como a produção de energia. O país já recebeu sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) por seu programa de enriquecimento de urânio, processo em princípio capaz de produzir tanto energia quanto bombas.

Schulte está em Berlim para encontros com funcionários alemães, antes de uma reunião da AIEA em Viena na quinta-feira e na sexta-feira. Para ele, seria bom se o governo do Irã pensasse na posse do presidente eleito Barack Obama como “uma oportunidade para negociar”.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, já parabenizou Obama pela vitória eleitoral. É a primeira vez que isso ocorre desde a Revolução Iraniana de 1979. Obama já indicou na campanha que, sob certas condições, concordaria em conversar com líderes de países como Irã, Síria e Coréia do Norte. Porém, Schulte apontou que, apesar de Obama enfatizar a diplomacia, ele também afirmou que é preciso que essa seja apoiada por “sanções econômicas e isolamento político”.

A relação bilateral é tensa sob o governo George W. Bush. Na segunda-feira, Teerã afirmou que Bush “sonhava” com qualquer desculpa que pudesse usar para atacar o Irã. O governo dos EUA não descarta a opção militar, a menos que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio e atender a outras demandas do Conselho de Segurança.

Síria

O delegado norte-americano apontou que a reunião da AIEA nesta semana teria como um de seus focos principais um relatório que afirma haver evidências de que um local na Síria tinha as características de um reator nuclear. A área foi bombardeada por Israel em setembro de 2007.

A Síria permitiu que a AIEA visitasse em junho o local, perto da cidade de Al Kibar. Porém, desde então se negou a permitir novas inspeções. “Está claro para nós que a Síria tem muito a explicar”, apontou Schulte, para depois ressaltar que são casos diferentes. “A Síria não é o Irã, e não queremos fazer da Síria um Irã.”

Schulte disse esperar que a Síria siga o exemplo da Líbia, que em 2003 renunciou aos esforços de elaborar armas nucleares. O funcionário elogiou o fato de a Líbia admitir seu programa irregular e agora cooperar sobre o tema.

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