Evasão fiscal

Empresa de ativista é fechada por não pagar multa de R$ 4,2 mi

Autoridades chinesas fecharam a empresa que cuida dos negócios do artista chinês Ai Weiwei, informou hoje (01) o jornal britânico “Guardian”. A fonte da informação é o próprio ativista, que acrescentou que a medida o salva de pagar uma multa de 15 milhões de iuanes (cerca de R$ 4,2 milhões) por evasão fiscal.

Ai, 55, disse acreditar que ele e sua equipe perderam a batalha, mas ganharam a guerra, depois que um tribunal rejeitou seu recurso contra a multa na última semana.

Autoridades afirmaram nesse final de semana que estavam removendo a licença de funcionamento da Fake Cultural Development (em português, falso desenvolvimento cultural), porque a empresa não tinha preenchido as requisições anuais de registro.

A empresa não pôde fazer esse registro porque a polícia confiscou todos os seus materiais quando deteve Ai, em 2011.

“Eu acho que seria uma boa razão para não nos multar”, falou o artista. Seu advogado, Liu Xiaoyuan, declarou que não havia como a Fake Cultural Development pagar impostos se não possuía licença. Mas ele acrescentou que entrou com pedido para uma audiência sobre o fechamento.

Manifestantes pró-Ai sempre afirmaram que sua detenção de 81 dias, em 2011, foi uma retaliação ao seu ativismo político e social. Autoridades da China insistem que o caso não era relacionado, pois a punição foi por evasão fiscal. Ele foi preso em meio a outras punições a ativistas, advogados e dissidentes do regime.

Milhares de apoiadores de Ai enviaram dinheiro a ele para que pagasse parte da multa (no valor de 8,4 milhões de iuanes, cerca de R$ 2,3 milhões), o que permitiu que recorresse da condenação.

Depois que a apelação foi rejeitada, Ai disse que não pagaria o resto da multa porque não a reconhecia. Segundo ele, as autoridades também se envergonhariam em ter de coletar o dinheiro.

“Eu acho que eles querem baixar a poeira sobre o caso e encerrá-lo. Estavam usando táticas muito antigas para punir alguém, inventando um crime para as pessoas pensarem que eu sou uma pessoa ruim. Não deu certo, o tiro saiu pela culatra”, disse Ai. “Eles não gostaram do fato de que isso foi longe demais e poderia ir mais ainda.”

Como resultado final da batalha judicial, o artista disse estar com sentimentos contraditórios. “Nós perdemos a batalha, eles ficaram com nosso dinheiro. Mas acho que ganhamos a guerra. Nós fizemos as pessoas entenderem o que era o caso da Fake Cultural Development e expusemos a maneira como eles lidaram com isso.”

As autoridades chinesas não foram encontradas pelo jornal para comentar o caso. No passado, pouco disseram sobre os problemas com Ai Weiwei.

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