Eleição no Haiti opõe América Latina e Estados Unidos

Um ano após o terremoto, o Haiti vive uma crise política que pode complicar os esforços de reconstrução do país. O presidente René Préval resiste em aceitar a revisão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que muda o resultado do primeiro turno ao retirar o candidato governista da corrida. De olho na disputa sem o aliado do presidente, a América se divide sobre quem teria mais condições de liderar o Haiti.

Segundo diplomatas ouvidos em condição de anonimato pelo jornal O Estado de S. Paulo, os Estados Unidos apoiam o cantor Michel Martelly, beneficiado pelas conclusões da OEA. Do outro lado, países latino-americanos preferem a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, que até o momento lidera a corrida.

A comissão da OEA, solicitada pelo próprio Préval para apurar os graves indícios de fraude, concluiu que Martelly superou em 0,3% o número de votos do governista Jude Celestin. O Conselho Provisório Eleitoral do Haiti havia colocado Martelly em terceiro, portanto fora da disputa, resultado que causou uma onda de violência por parte dos partidários do cantor. Cabe agora ao presidente haitiano escolher entre eliminar seu próprio candidato ou isolar-se ainda mais da comunidade internacional.

O segundo turno das eleições deveria ter sido realizado ontem, mas o impasse provocado pela fraude na votação inicial impediu a votação. A estimativa é que a segunda parte do processo eleitoral seja realizada um mês após Préval aceitar o relatório da OEA. Há a expectativa de que o presidente haitiano se pronuncie ainda hoje sobre o futuro político do país.