Doação de órgãos: solidariedade ao alcance de todos

A Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná, embora com um trabalho independente, vem somar esforços aos do governo e outras instituições ligadas às áreas médica e humanitária no sentido de conscientização para importância e necessidade da doação de órgãos para transplantes. Para tanto, está desenvolvendo uma campanha no movimento espírita paranaense que inclui uma pesquisa para saber o percentual de doadores entre seus profitentes e as razões pelas quais os outros não o são. A partir do cruzamento daqueles dados e outros como sexo, idade e tempo de atuação no meio, haverá condições para definir melhor onde e como a campanha deverá agir.

Para cobrir os casos gerais, está sendo elaborada uma cartilha que, além da distribuição impressa a todos as entidades espíritas do Estado, será também disponibilizada na internet. Palestras de esclarecimento serão promovidas em maior intensidade após o dia 28 de maio quando estará em Curitiba o Dr. Ricardo Di Bernardi, médico pediatra e homeopata e presidente da Associação Médico-Espírita de Santa Catarina que falará no Centro Espírita Luz Eterna, no Pilarzinho, às 15h.

Sabe-se que no Brasil os índices de doação são muito baixos em relação a outros países. Na Espanha, por exemplo, esse índice é de 22,7 para cada milhão de pessoas; Portugal e USA têm números muito próximos, 21,7 e 21,5 respectivamente. França com 20,3 e Cuba com 19; depois Itália 18,8 e nós cá embaixo com apenas 5,6 por milhão. Se o nosso povo possui profunda religiosidade e é considerado um dos mais generosos do mundo, qual seria a razão para um número tão pequeno de doadores? O motivo está no nível de informação e na dificuldade de captação dos órgãos quando doados. Estima-se que de cada 10 famílias potenciais, só uma é abordada e dessas, 60% negam a doação. No Estado de São Paulo, estes números são um pouco melhores: de cada quatro possíveis, um é atendido pela família do falecido.

Atualmente a fila geral de pessoas que aguardam transplante é de 74.000, metade delas de rins. Enquanto não chega o dia se é que vai chegar são obrigadas a se submeter à tortura de enfrentar três sessões semanais de hemodiálise, de quatro horas cada. Embora os transplantes tenham aumentado nominalmente temos que considerar o crescimento populacional de 12.724 em 2003 para 13.127 no ano passado, a fila é cinco vezes maior do que o número de doações.

No entender dos espíritas, o corpo carnal é apenas um veículo ou instrumento a serviço da alma ou espírito. Este, imortal, criado por Deus com natureza de simplicidade e desconhecimento e que, pelo trilhar das sucessivas experiências físicas ou reencarnações, vai desenvolvendo suas potencialidades intelectuais e morais rumo à perfeição relativa que lhe é permitido atingir. E é justamente através dos diversos corpos físicos de que se reveste ao longo desta trajetória que este aperfeiçoamento torna-se possível. Tal como as roupas que vestimos durante certo tempo e uma vez desgastadas pelo uso contínuo, são deixadas de lado.

Em mundos mais evoluídos a alma dispensa o uso de corpos densos como o nosso. Mas são necessários aqui na Terra como bem o sabemos. A volta não à vida porque sempre estamos vivos -, mas ao palco terrestre dá-se por novos corpos e não pela ressurreição daquele que já devolveu à natureza os elementos materiais de que se compunha. Portanto, com a morte biológica, o corpo carnal perde totalmente a serventia. Exceto se partes dele forem, caridosamente, remanejados para outros indivíduos que, em geral, à falta deste gesto de desprendimento e solidariedade, terão o mesmo destino a curto ou médio prazo, isto é, a morte.

A doação de órgãos e a efetivação dos transplantes costumam produzir grandes transformações na vida das pessoas envolvidas, aproximando famílias, estreitando amizades e principalmente abrindo horizontes muitas vezes até então desconhecidos, especialmente aos receptores. Mudam de estilo de vida, tornam-se mais equilibrados, tranqüilos, melhores pais, mais amigos, agradecidos a Deus. Há uma aproximação com o sentido mais profundo da vida. E suas preces de gratidão alcançam os familiares e o espírito do doador, revertendo-se em benefícios inestimáveis tanto para seu estágio no mundo espiritual como se prolongará para a próxima reencarnação quando ela ocorrer. Voltaremos ao assunto.

(Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná ADE-PR e-mail: adepr@adepr.com.br e site www.depr.com.br ).

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