Deputado venezuelano acusa falta de vontade política na Colômbia

O presidente da Comissão de Política Externa do Congresso da Venezuela, deputado Salvador Ortega, afirmou nesta quinta-feira (22) que "não há vontade" para se chegar a um acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por parte do presidente colombiano, Alvaro Uribe, a quem acusou de ceder às pressões dos interessados em "implodir" a mediação do presidente Hugo Chávez.

"Toda semana há uma campanha para implodir o processo e não me é estranho que o presidente Uribe tenha cedido às pressões dos interessados para que não haja paz, não haja mediação na Colômbia", disse o parlamentar à emissora Unión Radio.

O governo de Bogotá anunciou ontem o fim da mediação que era realizada desde agosto por Chávez e pela senadora colombiana Piedad Córdoba, após enfatizar que ambos conversaram com o comandante do Exército colombiano, o general Mario Montoya, o que não foi bem aceito pelo presidente Uribe.

As gestões de mediação tentavam chegar a uma troca humanitária que permitiria a libertação de 500 guerrilheiros presos pelas Farc e de 45 reféns em seu poder, entre os quais estão a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, três norte-americanos e políticos, policiais e militares colombianos.

O parlamentar governista indicou que já haviam sido dados sinais da tentativa de acabar com essa mediação e mencionou entre estes o prazo fixado pela Colômbia, até 31 de dezembro, para se chegar a um acordo.

"Quando o presidente Uribe diz que tem um prazo até dezembro sabendo que é um processo complexo, que não pode estar sujeito a uma data, é um indicio de intolerância e falta de vontade política", disse.

Acrescentou que algumas críticas de funcionários colombianos devido às Farc não terem entregue provas de vida dos reféns mostravam uma atitude do governo colombiano de "que não havia vontade de chegar a um acordo com a guerrilha".

Também disse que as informações da imprensa "dominada pela oligarquia colombiana" sobre a suposta presença de um acampamento guerrilheiro na Venezuela, que considerou como uma "grande mentira", denotavam um "processo político articulado para implodir isso".

Ortega considerou que o argumento de Bogotá para acabar com a mediação de Chávez é "uma desculpa" porque as forças armadas de ambos países mantêm um estreito intercâmbio de informação em temas militares.

"Assim como há cordialidade com o governo colombiano, também há com seus chefes militares, com os quais nossas Forças Armadas mantêm permanente contato e trocam informações, realizam operações conjuntas de segurança na fronteira, enfim esses temas agora parecem exagerados" de se alegar como motivadores, opinou.

O deputado comentou ainda que "sobram desculpas, se isso não houvesse ocorrido, de todas as formas seria declarada encerrada (a mediação) porque tinham um plano e colocaram uma data que está logo aí, 31 de dezembro" deste ano.

As gestões de Chávez, solicitadas por Piedad e autorizadas por Uribe, passaram por algumas polêmicas em relação aos mecanismos e formas de concretizar suas reuniões com os chefes das Farc, em território colombiano.

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