Crise financeira é uma ‘vergonha’ para os Estados Unidos, segundo Paulson

A crise em Wall Street é uma “vergonha” para os Estados Unidos, disse nesta terça-feira (23) o secretário do Tesouro do país, Henry Paulson, quando o senador Sherrod Brown, democrata de Ohio, perguntou-lhe se Wall Street deveria pedir desculpas ao povo americano pela turbulência financeira. “Eu compartilho com as pessoas essa irritação”, disse Paulson.

Em testemunho nesta terça ao Comitê Bancário do Senado, Paulson e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, disse que os executivos do setor financeiro, os agentes reguladores e o sistema regulatório ultrapassado são juntamente os culpados. “Wall Street errou muito, os reguladores erraram muito”, disse Bernanke.

Plano de resgate

O secretário do Tesouro dos EUA reiterou a necessidade de uma ação urgente do Congresso para aprovar o plano de resgate para os mercados financeiros. “Eu sinto grande urgência, e acredito que isso deve ser feito esta semana ou antes que vocês saiam em recesso”, disse. “Eu acredito que o que acalmou os mercados (no final da semana passada) foi o entendimento de que faremos isso” completou.

Paulson alertou os congressistas que exigir que as financeiras concedam ao governo dos EUA uma participação em suas companhias pode limitar a participação no programa de resgate e prejudicar sua eficácia. Paulson disse que ao invés de fazer demandas às companhias financeiras em troca de seu envolvimento, o plano precisa convencer uma ampla variedade de empresas a participar voluntariamente de forma que ele funcione.

“Estamos tentando encontrar valor e estamos tentando manter os mercados funcionando, porque não queremos ter de lidar com um fracasso”, disse o secretário ao comitê. Os parlamentares Democratas propõe que o governo receba ações como garantia das companhias que participarem do programa.

O programa de US$ 700 bilhões será gasto em partes (tranches), não todo de uma vez, disse Paulson. Contudo, ele disse que seria um “grave erro” para o Congresso financiar o programa em estágios, uma vez que pode ter um efeito negativo na confiança do mercado. “Vamos fazer isto em tranches, mas eu me pergunto, quando o Congresso se for e precisarmos disto, o que vamos fazer?”, disse o secretário.

Segundo Paulson, a primeira tranche provavelmente será razoavelmente pequena e focada sobre os instrumentos mais simples, tais como os ativos lastreados em hipotecas. Ele disse que se o programa funcionar e o mercado de moradia e a economia se recuperarem, os custos aos contribuintes provavelmente será “bem abaixo” do que será gasto inicialmente.