Crise econômica enfraquece primeiro-ministro britânico

A crise econômica no Reino Unido está enfraquecendo o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. O líder do Partido Trabalhista enfrenta atualmente seu pior momento desde que assumiu o cargo, em junho do ano passado, sucedendo Tony Blair. As turbulências que começaram nos Estados Unidos atingiram em cheio o país. Muito expostos ao mercado de hipotecas de risco elevado, os bancos ingleses enfrentam prejuízos. No auge da turbulência, o governo teve inclusive de lidar com a corrida bancária contra o Northern Rock, instituição que recebeu 25 bilhões de libras esterlinas dos cofres públicos e acabou nacionalizada, motivo de grande polêmica.

Assim como nos EUA, a bolha imobiliária no Reino Unido está estourando: o preço dos imóveis segue em queda, prejudicando os proprietários. As condições de crédito estão mais apertadas, pois diante da crise de liquidez os bancos elevaram os juros das hipotecas. Além da crise econômica, a população sente o aumento da carta tributária no país. Uma alteração fiscal realizada recentemente eleva os impostos sobre os mais pobres e tem sido motivo de verdadeiro bombardeio sobre Gordon Brown.

O descontentamento com o governo se refletiu principalmente no resultado das eleições municipais realizadas na semana passada. A derrota dos trabalhistas é considerada a pior dos últimos 40 anos. O ponto mais marcante foi a conquista da prefeitura de Londres pela oposição. Depois de oito anos no poder, o trabalhista Ken Livingstone perdeu o posto de prefeito da capital para o conservador Boris Johnson, conhecido por suas posições controversas e estilo excêntrico.

Nos últimos dias, Brown passou também a enfrentar desprestígio dentro de seu próprio partido. A resistência interna a seu nome é crescente. A derrota nas urnas abriu espaço para que a líder trabalhista na Escócia, Wendy Alexander, pedisse um referendo sobre a independência do país, em mais um sinal de enfraquecimento de Brown.

Para configurar de vez o delicado momento do primeiro-ministro, uma pesquisa divulgada na quarta-feira (7) pelo The Times mostrou que 55% dos próprios eleitores trabalhistas querem que o primeiro-ministro deixe o cargo. Pelo sistema britânico, Brown tem que convocar eleições gerais até meados de 2010, cinco anos após a última, realizada em 2005. O líder do partido que tiver a maioria na Câmara dos Comuns é conduzido ao cargo de primeiro-ministro. Mas existe pressão da oposição para que ele convoque as eleições antes do prazo limite, criando assim um caminho para que o Partido Conservador retorne ao poder, depois de mais de 10 anos.

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