Chávez e Cristina cancelam ida à Bolívia após confrontos

Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Cristina Kirchner, suspenderam nesta terça-feira (05) a viagem que fariam à Bolívia, após os confrontos em Tarija, no sul do país, onde se reuniriam com o presidente boliviano Evo Morales. O vice-presidente da Bolívia, Álvaro Garcia, qualificou como “ação provocadora” os protestos que grupos opositores fizeram contra o governo da região, onde os três presidentes iriam se encontrar para reforçar acordos de energia e Morales receberia apoio de Cristina e Chávez. “Entre cem e duzentos arruaceiros provocaram problemas em Tarija, então suspendemos a cerimônia, mas quem perde com isso é a região porque assinaríamos acordos de energia ” disse Morales em um discurso público em um município no sul, na fronteira com o Paraguai.

Morales disse que o governo argentino ratificaria um acordo de crédito de US$ 450 milhões para a construção de uma fábrica separadora de líquidos do gás natural. Em Buenos Aires, onde está de visita, o presidente Chávez disse em coletiva que “com Evo, nós avaliamos a situação com calma, com nervos de aço, com a cabeça fria.” E completou: “Eu disse a ele: Evo, não devemos jogar mais gasolina nessa situação.”

Chávez afirmou que a viagem foi suspensa por “uma questão de senso comum”. “Ocorreram agressões a jornalistas e agressões contra as delegações argentina e venezuelana,” disse Chávez. Os manifestantes tentaram tomar o aeroporto de Tarija para impedir a visita de Chávez e Cristina. A cidade fica a 660 quilômetros ao sul de La Paz, perto da fronteira argentina, e é um dos redutos oposicionistas a Morales.

O líder cívico local Reynaldo Bayard disse à emissora Erbol que a polícia dispersou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo. “Eles dizem que irão assinar um acordo de energia, mas tudo é um show político a favor de Morales,” disse Bayard, antes de saber que o encontro havia sido cancelado.

O incidente complica ainda mais o clima de confrontação política que a Bolívia vive perto do referendo do próximo domingo, no qual o presidente Morales e oito dos nove governadores dos departamentos (Estados) submeterão seus mandatos a uma escolha popular. No domingo à noite, líderes regionais da oposição começaram uma greve de fome nos departamentos de Santa Cruz e Beni, para exigir a devolução de fundos que o governo confiscou para pagar a aposentadoria universal aos idosos.