Capital Portenha se revela pólo homossexual da América Latina

Buenos Aires – Depois da crise econômica de 2001 e a desvalorização de sua moeda, a Argentina rapidamente se destacou no setor turístico mundial como um todo e, particularmente, como pólo de atração para o turismo "gay friendly", oferecendo uma cidade do porte de Buenos Aires como espaço aberto à comunidade homossexual.

Diferente de outras capitais, ela não propõe um só bairro especificamente gay (como o Marais de Paris, o Chueca de Madri ou o famoso Village nova-iorquino), mas coloca à disposição dos turistas homossexuais uma cidade inteira e acaba por proporcionar grande abertura de seus habitantes portenhos.

Em uma reportagem publicada há alguns dias pela revista argentina Veintitres, sugestivamente intitulada "Buenos Gayres", confirma-se que agora a cidade "é a capital latino-americana do setor".

"Estima-se que, em 2007, pelo menos 400 mil visitantes gays percorreram os pontos de atração turística da cidade, deixando a quantia nem um pouco desprezível de US$ 600 milhões", informava a revista.

Com o passar do tempo, a oferta de turismo homossexual foi se especializando rapidamente, e, depois dos hotéis, os restaurantes e as salas de dança de tango se diversificaram, transformando-se em iniciativas ainda mais originais.

Outros exemplos são os cartões "Friendly Card", que dão descontos em mais de 120 lojas de Buenos Aires, ou as festas jovens organizadas para gays, como a dos famosos garotos Plop da geração "gay 2.0", que reúne até 2 mil pessoas em festas à fantasia temáticas. Até mesmo uma linha de vinhos "fortemente sensuais" foi lançada pela Pilot.

Além disso, Buenos Aires oferece grandes oportunidades em estética, com institutos e clínicas que fazem publicidade em meios claramente destinados à comunidade homossexual. Sem falar da oferta editorial de revistas e guias, facilmente encontrados nas bancas de jornal e inúmeras livrarias da cidade.

Dentro desse contexto, atracou hoje em Buenos Aires, com grande cobertura da imprensa argentina, o navio cruzeiro Infinity, que a cada ano viaja pela América Latina com turistas da comunidade gay basicamente norte-americana. Após passar pela costa do Brasil e Uruguai, o cruzeiro adentrou no Rio da Prata com 1.450 passageiros, o dobro das duas temporadas precedentes, segundo a agência estadunidense Atlantis.

Considerado um transatlântico de luxo, o Infinity, de bandeira das Bahamas e pertencente à armada Celebrity Cruises, possui 80% de suas cabines com vista para o mar (abrigando 1.950 pessoas na posição privilegiada) e 74% dos quartos têm pelo menos um terraço.

Uma vez na Argentina, parte dos turistas voltará aos Estados Unidos de avião, mas a maioria deve continuar sua viagem na capital da Argentina, aproveitando as ofertas atraentes para o público gay. Os organizadores do cruzeiro esperam um número maior de turistas para o próximo verão, enquanto a administração de Buenos Aires espera mais turistas e mais lucro no setor turístico da capital portenha.

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