Cachorrinho vira astro de teatro

Entre as muitas atrações presentes no espetáculo teatral O mágico de Oz – exibido na última semana no Teatro Guaíra, em Curitiba, sob a direção do italiano Billy Bond -, uma em especial chamou a atenção de crianças e adultos: o cãozinho Totó, pertencente à menina Dorothy, personagem principal da história.  

O motivo de tanto encantamento era o fato de Totó ter sido ?interpretado? por um cachorro de verdade, da raça schnauzer. O animalzinho correu pelo palco, latiu para as personagens más, ficou quietinho quando deveria e até fez uma participação como ?cantor?, uivando para acompanhar o elenco da peça, que, no final da apresentação, cantava em português Over the rainbow (além do arco-íris).

?O cão foi disciplinado para ficar quieto e não molestar as cenas. Para uivar com a música, ele foi treinado por cerca de um mês. Ele escuta um determinado tom e responde a ele, emitindo um uivado. Em seguida, é premiado com uma comidinha. Ele aprendeu rápido e nunca mais esqueceu. O espetáculo está em cartaz há quatro anos e ele nunca deixou de uivar no final?, comenta Bond.

Totó, que na vida real também se chama Totó, é um cachorro doméstico que pertence ao próprio diretor do espetáculo. A decisão de utilizar um animal de verdade nas cenas foi tomada para dar mais veracidade ao espetáculo. ?Utilizar um boneco poderia ser mais fácil, mas queríamos ser o mais fiel possível à história e ao filme de O mágico de Oz que foi exibido nos cinemas.?

No início, havia um pouco de receio de que o animalzinho pudesse adotar atitudes inadequadas durante a peça, como sair do palco, correr para a platéia ou fazer xixi em cena. Porém, o bichinho sempre se comportou perfeitamente bem. ?Os atores tiveram que aprender a ficar o tempo todo atentos, pois havia um elemento imprevisível em cena. No começo era um pouco complicado, mas hoje todos têm confiança em Totó. Ele já está acostumado com as músicas, a platéia e os refletores de luz. Nunca fez nada sério que pudesse atrapalhar o bom andamento do espetáculo?.?

Bond garante que Totó é muito bem tratado tanto dentro quanto fora de cena, não sendo submetido a qualquer tipo de sofrimento. ?Não maltratamos o animal. Não somos um circo.? Nos bastidores, o cão fica solto, sendo considerado o mascote da companhia e recebendo uma série de mimos e carinhos. Ele é vacinado e em cada cidade que vai tem um veterinário sempre à disposição. Para viajar de avião, tem toda documentação exigida e permissão especial. Quando fica doente ou por qualquer outro motivo não pode entrar em cena, conta com um substituto da mesma raça e que tem o mesmo treinamento. ?Escolhemos um schnauzer devido à grande inteligência dos representantes da raça. Eles aprendem rápido e são muito afetuosos. As crianças que assistem ao espetáculo ficam maravilhadas.?

Schnauzers são originários da Alemanha

Os schnauzers, cães da raça de Totó, são originários da Alemanha e geralmente se destacam pela grande inteligência. No passado, nos países da Europa, eram utilizados na lida com o gado, no combate a roedores e para acompanhar carruagens que estivessem em viagem. Nos trajetos feitos pelas carruagens, eles corriam ao lado dos cavalos, alertando as pessoas sobre qualquer perigo que pudesse haver no caminho. Diante de desconhecidos, latiam furiosamente.

Atualmente, o que mais chama a atenção nos animais é a pelagem, que constantemente deve ser escovada para não embolar. Eles possuem bigodes, pêlos em forma de barba e sobrancelhas espessas, que muitas vezes lhes dão semblante sério ou os fazem parecer cachorros idosos, por mais que ainda sejam jovens ou mesmo filhotes. Em pet shops, recebem tosa específica, na qual são mantidos os pêlos da face, das patas e da barriga.

Encontrados nas cores branca, preta e cinza e nos tamanhos miniatura (ou anão), standard ou gigante, os schnauzers são bastante carinhosos, obedientes e brincalhões. Com os proprietários, são extremamente carinhosos. Entretanto, podem se mostrar um tanto desconfiados com pessoas estranhas, demorando um pouco para fazer amizade. Gostam muito de crianças e da companhia de outros cães, mas também vivem bem sozinhos. Se adaptam tanto a grandes quanto a pequenos espaços, sendo bastante escolhidos por pessoas que vivem em apartamento. São considerados muito resistentes a doenças e fáceis de serem educados e treinados.

Montagem tem outros animais

Além do cão, O mágico de Oz conta com a participação de duas galinhas e de um pônei de verdade. Os animais são colocados em cena no final do espetáculo, para compor o cenário da casa da menina Dorothy. São meramente ilustrativos, mas mesmo assim encantam o público infantil.

?Em muitas grandes cidades, as crianças nunca ou poucas vezes viram um pônei ou uma galinha. Em São Paulo, por exemplo, muitas nem sabem o que é. Sendo assim, elas ficam maravilhadas quando vêem os animais em cena, por mais que eles tenham uma participação pequena?, conta Billy.

Ao contrário de Totó, o pequeno cavalo e as galinhas não são treinados e não viajam com o elenco e com a equipe de produção. Em cada cidade onde o musical é apresentado, animais diferentes são contratados. Em Curitiba, o pônei utilizado ficava abrigado no Círculo Militar e era levado andando até o Guaíra. No caminho, chamava muito a atenção dos transeuntes.

Fábula com Totó é muito conhecida do público

Em curta temporada, O mágico de Oz recontou em Curitiba a famosa história de Dorothy e seu cãozinho, que são levados por um tornado do Kansas, nos Estado Unidos, para a terra mágica de Oz, localizada além do arco-íris. No lugar, a menina conhece o Homem de Lata, o Espantalho e o Leão Covarde, que passam a ser seus companheiros.

A fábula, criada pelo escritor Lyman Frank Baum, tornou-se famosa quando foi adaptada para o cinema e nunca deixou de ser considerada atual. Em meio a papoulas mortíferas, animais selvagens, uma bruxa malvada e macacos voadores, a narrativa tem temática humanista, destacando temas como o bem, a honestidade e a ética.

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