Brasil quer diálogo com país que viola direitos humanos

O governo brasileiro quer mudar a maneira como a Organização das Nações Unidas (ONU) trata as violações de direitos humanos no mundo. Em uma carta enviada a todos os Estados-membros da entidade, o Itamaraty propôs que a organização evite censurar publicamente regimes autoritários. O Brasil defenderá o diálogo com regimes violadores na revisão do funcionamento do Conselho de Direitos Humanos, que começa no fim do mês e termina em 2011.

A denúncia pública é considerada a principal forma de pressionar um país acusado de atentar contra os direitos humanos a mudar sua conduta. Na nova conduta proposta pelo Brasil, o argumento é que as reuniões de emergência da ONU detonariam crises internas.

As mudanças sugeridas na carta brasileira, datada de 19 de julho, deve provocar controvérsia. Nos últimos anos, o Itamaraty evitou condenar países violadores nos órgãos da ONU. A estratégia é abster-se em votações sobre alguns casos e manter o diálogo, mesmo com governos que reconhecidamente cometeram atrocidades.

Em diversas ocasiões, o Brasil manteve-se distante dos países que criticaram abertamente Coreia do Norte, Irã, Sri Lanka, Sudão, entre outros, por desrespeitar direitos fundamentais. Para o Itamaraty, durante anos, a ONU virou palco de condenações e ataques que nunca resolveram as violações de direitos humanos. Nessas ocasiões, entidades como Anistia Internacional e Human Rights Watch criticaram a opção brasileira pelo silêncio. Brasília rejeita a avaliação e insiste que o atual sistema também não funciona.