O papa Bento XVI disse neste sábado (9) ao presidente dos EUA, George W. Bush, que gostaria de uma "solução regional e negociada para os conflitos que afligem o Oriente Médio", destacando sua especial preocupação com "as críticas condições em que se encontram as comunidades cristãs no Iraque". A declaração foi feita no primeiro encontro dos dois desde que Bento XVI assumiu o papado, em 2005.
Bush relatou que Bento XVI disse temer que a atual sociedade em desenvolvimento no Iraque possa acabar não tolerando a religião cristã. "Ele está preocupado que os cristãos dentro do país sejam maltratados pela maioria muçulmana", afirmou, horas depois do encontro, ao lado do primeiro-ministro italiano, Romano Prodi. As atividades de Bush em Roma ocorreram sob forte aparato de segurança. Milhares de policiais foram enviados ao centro da cidade para conter protestos contra sua visita.
Bush e Bento XVI têm o mesmo ponto de vista em relação a questões como aborto e eutanásia, mas discordam sobre a guerra do Iraque. Em seu discurso de Páscoa, o papa afirmou que "não há nada positivo no Iraque, dividido pela matança contínua e pela fuga da população civil". O predecessor de Bento XVI, papa João Paulo II, tentou interceder várias vezes para impedir o conflito.
No encontro, Bush defendeu suas ações humanitárias em todo o mundo, relatando os esforços americanos para combater a aids na África. O presidente dos EUA prometeu ao papa trabalhar para fazer o Congresso do país elevar para US$ 30 bilhões, durante os próximos cinco anos, o auxílio financeiro para combater a doença no continente africano.
Conversa com Putin
Depois de posar para fotos, nas quais aparecem relaxados e sorridentes, o papa perguntou a Bush sobre o encontro que manteve com outros líderes na Cúpula do G-8, que terminou ontem em Heiligendamm, Alemanha. Depois de Bush lhe responder que o encontro foi bom, o papa perguntou: "A conversa com (Vladimir) Putin (presidente da Rússia) também foi boa?" Bush, observando fotógrafos e repórteres sendo retirados da sala onde ocorria o encontro, respondeu: "Digo-lhe em um minuto." Desde fevereiro, Moscou e Washington estão em uma disputa diplomática pelos planos dos EUA de instalar um sistema de escudo antimísseis na Polônia e República Checa.