Aprovada autonomia de Santa Cruz, mostra boca-de-urna

Armados de pedras e paus, simpatizantes da oposição e do governo se enfrentaram no domingo (04) em diversos pontos de Santa Cruz, enquanto a população dessa próspera região boliviana votava em um referendo organizado pelas autoridades locais para ganhar autonomia de La Paz. Manifestações contra a consulta popular também ocorreram em outros quatro departamentos (Estados) bolivianos. Nos enfrentamentos, mais de 30 pessoas ficaram feridas.

De acordo com as pesquisas locais de boca-de-urna, festejadas pela população no centro da capital crucenha, 85% da população votou a favor do estatuto autonômico aprovado em novembro por autoridades locais. A votação, porém, foi considerada ilegal pelo presidente Evo Morales, que acusa o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, e o presidente do Comitê Cívico, Branko Marincovik, de tentarem dividir o país.

À noite, em pronunciamento agressivo na TV, Evo mencionou informações da mídia segundo as quais a abstenção teria sido de 40% e, somando votos brancos e nulos com os que apoiaram o ?não? concluiu que mais de 50% da população rejeitou o estatuto nas urnas. ?Essa consulta ilegal fracassou rotundamente?, disse Evo. Ele prometeu convocar hoje os prefeitos para trabalhar ?pela verdadeira autonomia? e defendeu um acordo para destravar a Constituinte.

O estatuto de autonomia dá ao governo local mais independência de La Paz e maior controle sobre os recursos da região. Ele permite ao departamento arrecadar impostos, definir suas políticas na área de educação e saúde e outorgar títulos de propriedade de terras. Segundo analistas, porém, é pouco provável que as autoridades crucenhas consigam impor o estatuto unilateralmente. Não só por causa dos limites de financiamento e de estrutura do governo local, mas também porque, em última instância, isso poderia dar argumentos para La Paz retaliar econômica e militarmente a região.

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