Após resgate, mineiros começam a deixar hospital

Menos de 48 horas depois de serem resgatados da mina San José, no norte do Chile, três dos 33 mineiros receberiam alta do hospital de Copiapó ontem e voltariam para suas casas. Centenas de jornalistas se aglomeravam nas duas entradas do centro hospitalar, à espera da saída dos mineiros. Ontem, Luís Urzúa, o líder dos mineiros que foi o último a ser resgatado, contou para o presidente Sebastián Piñera alguns detalhes sobre a vida dos 33 debaixo da terra.

“Quando chegou a primeira perfuradora ao nosso refúgio, todos queriam abraçar as brocas. Eram seis da manhã, tínhamos todo um protocolo a cumprir, mas ninguém ligou, só queríamos abraçar a broca”, contou Urzúa. Os mineiros ficaram 70 dias presos a quase 700 metros de profundidade, submetidos a uma umidade de 89% e temperatura mínima de 32 graus. Muitos tinham problemas dentários, fungos na pele, e distúrbios psíquicos.

Ele também contou que mandaram vários papéis com diversas mensagens, “estamos com fome”, “mande-nos comida”. “Mas Deus quis que chegassem os que chegaram”, completou o chefe dos mineiros. Segundo Urzúa, depois do acidente, levou três horas até que fosse possível avaliar a situação, porque o deslizamento levantou muito pó. Ele contou que houve tentativas de sair da mina. “E muitas pessoas tentaram fazer coisas que certamente não eram as melhores, mas por sorte conseguimos manter o juízo e graças a Deus ninguém se acidentou.”

Urzúa disse que os 33 percebiam as máquinas do Plano A, B e C fazendo as perfurações, tentando chegar até o refúgio. “Tínhamos muito pouca comida e estávamos comendo a cada 48 horas, para guardar alguma coisa para mais para frente”, relembrou ele. Até Mario Gómez, de 63 anos, o mais velho dos mineiros, que está com pneumonia, já estava melhorando. “Eles está respondendo muito bem ao tratamento com antibióticos.” Outro dos mineiros, que tinha úlcera de córnea, também estava evoluindo bem. E três já haviam sido submetidos a cirurgias dentárias.

A liberação dos mineiros do hospital estava prevista para as 16 horas, mas até às 19 horas de ontem eles ainda não haviam recebido alta. Segundo o subdiretor do hospital, Jorge Montes, a evolução de todos os mineiros é boa e todos devem estar liberados até o meio da semana que vem. Ao sair do hospital, os mineiros poderão voltar a suas rotinas normais. Segundo Montes, podem se sentir mais confortáveis usando óculos escuros nos primeiros dias. A alimentação pode ser normal.